Os adeptos do Nápoles começaram por não saber pronunciar o seu nome e agora têm-no sempre na ponta da língua. Khvicha Kvaratskhelia colocou-se nas bocas do mundo com o que tem feito desde que chegou à equipa azzurri no início da época, obrigando os seus fãs a adotarem uma alcunha – Kvara – que simplificasse o nome que gritavam, de modo a que o pudessem projetar tantas vezes quanto fosse possível sem se embrulharem nas letras que o formam.

Daí estar instalada uma autêntica ‘Kvaramania’, um estado de êxtase vivido pelos adeptos de um clube que antes de adorarem o georgiano, adoraram Maradona. “É bom saber que todos ou pelo menos muitos pensam assim, mas por isso mesmo quando jogo dou tudo de mim. 100% ou mais do que o máximo”, disse Kvaratskhelia ao Corriere dello Sport, sobre a visão positiva que os adeptos têm do seu jogo. No entanto, admite o extremo de 22 anos, ainda tem para crescer. “Estou a trabalhar para melhorar e quero fazer ainda mais, porque tenho que aprender muitas coisas. Mas uma coisa é certa: quero chegar ao topo”.

Ídolo em Napóles, Kvaratskhelia confessa a admiração por várias figuras do Real Madrid. Ao jornal italiano contou que a primeira referência no futebol foi Guti. “Quando jogava com amigos em Tbilisi vestíamos camisas brancas e escrevi o nome de Guti nas costas”. No entanto, o ídolo maior é Cristiano Ronaldo, motivo pelo qual, contou ao Il Mattino, joga com a camisola 77. Uma vez que o sete não estava disponível por pertencer a Elif Elmas, dobrou o número, justificando a escolha dizendo que “Cristiano é um grande jogador de futebol e um profissional incrível”. Apesar de ser conhecido como o ‘Messi da Geórgia’ tem uma clara a preferência entre os dois. “Inspiro-me em Ronaldo, porque alcançou o mesmo nível de Messi graças ao trabalho duro e sacrifício. Gostava de ter a mesma carreira que ele”.

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Os napolitanos demoraram dois anos a convencer Kvara de que a mudança para a Seria A seria o passo certo para a sua carreira. Na integração no novo plantel, Mário Rui teve um papel importante. O lateral internacional por Portugal referiu, em entrevista citada pelos canais oficiais do Nápoles, que “Kvaratskhelia parece um jogador de topo”. “Percebemos isso desde o primeiro dia. Vai ser uma opção válida para a equipa e estamos felizes por tê-lo connosco”, salientou.

O georgiano teve impacto imediato na equipa. Nos primeiros dois jogos, marcou três golos, dando início à campanha praticamente imaculada do Nápoles na Serie A, onde perdeu apenas um jogo até ao momento, num registo que serve para os azzurri liderarem o campeonato com uma distância confortável para a concorrência. A última vez que o clube se sagrou campeão foi em 1989/90. Kvaratskhelia tem um registo de 11 golos e 12 assistências em 23 jogos em todas as competições esta época. Na frente de ataque, tem habitualmente companhia de Victor Osimhen, o melhor marcador da Serie A, com quem forma uma dupla que alimenta as esperanças dos adeptos em relação à conquista do terceiro scudetto.

“Os imigrantes georgianos que vivem em Nápoles dizem que lhes oferecem pizzas por serem georgianos”, contou à CNN um jornalista da Geórgia, Edo Badalashvili, sobre o impacto de “Kvaradona”, como já é conhecido, na cidade. Para aos 22 anos jogar ao nível de um jogador experiente teve que começar bem cedo a competir ao mais alto nível.

Aos 17 anos, Khvicha Kvaratskhelia estreou-se no clube mais titulado da Geórgia, o Dínamo Tbilisi. De seguida, dentro do mesmo campeonato, mudou-se para o Metalurgi Rustavi antes de começar uma tour pela Rússia, onde esteve no Lokomotiv Moscovo, sendo companheiro de equipa dos portugueses Éder e Manuel Fernandes, e no Rubin Kazan, clube de onde saiu após o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, regressando ao seu país para representar o Dínamo Batumi. Esta temporada assinou com o Nápoles a troco de dez milhões de euros. Os adeptos italianos estranharam a contratação por ser tratar de um jogador vindo da liga georgiana. Apesar da proveniência, as prestações do extremo valeram-lhe elogios do treinador do Nápoles. “Kvaratskhelia é parecido com Salah. Tem um futuro brilhante”, disse Luciano Spalletti.

A nível da música, gosta de Coldplay. Kvaratskhelia é também fã de NBA e de Stephen Curry. A celebração que faz quando marca, imitando o gesto de dormir, é inspirada na comemoração que o basquetebolista tornou icónica e que ficou conhecida como ‘night, night‘. Uma celebração adequada a quem tem um futebol de sonho.