Em 2021, houve três hospitais privados que só realizaram partos por cesariana. Estas unidades ficam todas na região Norte do país. Os dados enviados ao Observador pela Entidade Reguladora da Saúde (ERS) esta segunda-feira dão conta de que no Hospital Particular de Viana do Castelo, no da Boa Nova, em Matosinhos, e no Hospital Privado de Vila Real não foi realizado qualquer parto normal. São também estes os hospitais em que menos partos, independentemente da metodologia, se fizeram.
No total, foram 31 as cesarianas no hospital privado de Viana do Castelo, 23 as realizadas em Matosinhos e 17 as registadas em Vila Real. E é sobre casos como estes que têm recaído as críticas de Fernando Araújo, diretor executivo do SNS.
“Devo lembrar que há blocos de parto privados que fazem 40 a 50 partos por ano, eventualmente um parto por semana e com taxas de cesariana de 100%. Eu tenho dúvidas se são blocos de partos ou se são blocos cirúrgicos, que é bem diferente”, disse o médico em entrevista à SIC no início do ano.
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Na totalidade das maternidades em Portugal, 37,2% dos 75.468 partos realizados em 2021 foram por cesariana. Nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), a percentagem de cesarianas foi de 30,7%, mas sobe para mais do dobro entre os hospitais privados e sociais: 65,9% dos partos realizados nestes estabelecimentos foram por cesariana.
Aliás, só há um hospital privado cuja percentagem de cesarianas realizadas está em linha ou abaixo da registada na generalidade do SNS: o Hospital de Cascais — Lusíadas (27,6%). Nenhum hospital público tem percentagens tão elevadas como o setor privado e social: os valores mais elevados são os do Hospital Pêro da Covilhã, que pertence ao Centro Hospitalar Cova da Beira e que fez em 2021 46,6% de cesarianas.