Em setembro, a comissão liderada por Ayres de Campos apresentou à Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) uma solução para acabar com o caos que levou a constrangimentos sucessivos em vários serviços de urgência de Obstetrícia e Ginecologia no país: encerrar, em definitivo, um conjunto de seis serviços (dois em Lisboa e Vale do Tejo, dois no Norte e outros dois no Centro).

Em entrevista ao programa Sob Escuta, da Rádio Observador, o médico, presidente da Associação Europeia de Medicina Perinatal, rejeita o termo “encerramento”, optando por se referir a uma “concentração de urgências em alguns hospitais”. Mas esse processo deu uma volta de 180º já esta semana, quando o organismo que gere os cuidados públicos de saúde, liderado por Fernando Araújo, deixou claro que ia fazer exatamente o oposto daquilo que tinha sido a proposta da comissão de especialistas: nenhuma urgência no país que atende mulheres grávidas vai fechar portas.

A decisão sobre o melhor caminho a seguir é sempre “política”, concede Ayres de campos, depois de ver a proposta que subscreveu ser liminarmente rejeitada pela Direção Executiva do SNS. “Há sempre posições ideológicas envolvidas nestas decisões”, relativiza o clínico. A carência de médicos e enfermeiros, diz, são o “problema de fundo” que levou aos problemas do verão passado. E o reforço de meios humanos, sendo uma solução consensual, é tudo menos imediata. Motivo: entre outros, a falta de “atratividade” do serviço público de saúde. Os médicos que estão em exclusividade no SNS “têm dificuldade em pagar rendas e despesas com filhos”, denuncia.

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