O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa defendeu esta quinta-feira que o maior desafio da comunidade, para os próximos tempos, passa pela criação de condições que promovam a cooperação económica e empresarial.

Creio que o grande desafio que teremos pela frente, nos próximos tempos, será o de promover um quadro facilitado de cooperação económica e empresarial, nomeadamente ao nível da internacionalização das empresas, da proteção mútua de investimentos e do incremento das trocas comerciais”, referiu Zacarias da Costa.

Durante a sessão de encerramento da parte letiva do Curso de Especialização em Criminalidade Económica e Financeira, que decorreu durante a tarde no Colégio da Trindade, em Coimbra, o secretário-executivo debruçou-se sobre a adoção de um novo objetivo de cooperação económica, para a consolidação da CPLP.

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros timorense evidenciou o enorme potencial económico dos países que pertencem a esta comunidade, que representa cerca de 300 milhões de pessoas.

Representa cerca de 8% da superfície continental do planeta, possuindo mais de 50% das novas descobertas de recursos energéticos desde o início do século XXI. Estarão no quarto lugar da produção mundial de petróleo e detêm uma vasta plataforma continental com recursos marinhos e minerais, bem como aproximadamente 14% das reservas mundiais de água doce”, sustentou.

Zacarias da Costa destacou o reconhecimento internacional do potencial da comunidade, que vem sendo atestado pelo crescente número de observadores associados, que atualmente totalizam 32 — 28 países e quatro organizações internacionais.

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A par de motivações diplomáticas, culturais e até por via das comunidades da diáspora, os países associados veem a CPLP como uma potencial plataforma facilitadora de parcerias económicas, cabendo-nos, também a nós, desenvolver instrumentos que nos permitam tirar maior partido dessa atratividade da nossa organização”, concretizou.

O secretário-executivo da CPLP aproveitou também para vincar a importância da adoção do Acordo sobre a Mobilidade na CPLP, que permitirá estabelecer mecanismos facilitadores de circulação de pessoas e ideias.

Temos pela frente o desafio de tornar a CPLP num instrumento cada vez mais eficiente e com impacto cada vez maior no desenvolvimento dos nossos Estados-membros”, acrescentou.

Sobre a agenda estratégica para este desígnio, explicou que contempla sete eixos para ação conjunta, que visam a promoção do comércio, a promoção do investimento, a capacitação institucional e empresarial, a melhoria dos mecanismos de financiamento, o reforço da competitividade, o reforço dos sistemas nacionais de propriedade industrial, e o desenvolvimento e consolidação das infraestruturas nacionais para a qualidade.

A par disto, disse ainda ter sido constituído o Fórum das Agências de Promoção do Comércio Externo e Investimento da CPLP, com o objetivo de “promover o intercâmbio de boas práticas, iniciativas de formação e capacitação institucional, bem como ações conjuntas em matérias como a internacionalização das empresas, o aumento das trocas comerciais e o investimento em setores estratégicos”.

Queremos que as nossas empresas sejam cada vez mais capazes de corresponder às exigências para competir no mercado global. Significa um compromisso com a capacitação e a formação, a garantia de qualidade, a melhoria do ambiente de negócios, o apoio ao acesso ao financiamento e à internacionalização”, concluiu.

O Curso de Especialização em Criminalidade Económica e Financeira é uma ação de formação avançada para 15 magistrados e quadros superiores dos órgãos do Estado de Timor-Leste, designadamente do Parlamento Nacional, Ministério Público, Polícia Científica e de Investigação Criminal, Comissão Anticorrupção e Inspeção Geral do Estado.

Tendo lugar em Coimbra, arrancou em 06 de fevereiro e decorre até sexta-feira, incluindo ainda visitas a entidades externas na semana de 20 a 24 de fevereiro.

É lecionado através da Academia Sino-Lusófona da Universidade de Coimbra (projeto especial da Reitoria) e financiado pela União Europeia, através do projeto PFMO – Parceria para melhoria da prestação de serviços através de Supervisão e Gestão das Finanças Públicas em Timor-Leste (Osan Povu Nian), implementado e cofinanciado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros/Camões-IP.

Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP.