O jogador de futebol Christian Atsu foi encontrado morto sob os escombros da casa onde vivia em Hatay, que colapsou durante o terramoto que atingiu a Turquia e a Síria a 6 de fevereiro. Atsu era jogador do Hatayspor, clube turco, tinha 31 anos e já tinha passado pelo FC Porto e Rio Ave. A notícia foi confirmada pelo agente do jogador, citado pela imprensa internacional:

“É com o coração pesado que anuncio que o corpo de Christian Atsu foi encontrado esta manhã. As minhas condolências para a família e os ente queridos. Agradeço a todos pelas orações e pelo apoio”, disse Nana Schere.

O Hatayspor tinha chegado a afirmar publicamente que Atsu já teria sido encontrado, ferido mas com vida, logo nos dias seguintes ao sismo. Mas a notícia não se confirmou.

O FC Porto já reagiu, lembrando Atsu como um dos “campeões” da época 2012/2013. No Twitter, o clube disse receber esta informação com “profundo pesar” e envio condolências à família e amigos do jogador.

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Entretanto, também o Hatayspor reagiu, lembrando Atsu como “uma pessoa bonita” e adiantando que o funeral acontecerá na sua cidade natal, no Gana.

“O funeral do nosso jogador Christian Atsu, que perdeu a vida debaixo dos escombros, terá lugar na sua cidade natal no Gana. Não te vamos esquecer, Atsu. Que a paz esteja contigo, pessoa bonita. Não há palavras para descrever a nossa tristeza. Descansa em paz”, escreveu o clube no Twitter.

Christian Atsu esteve quatro anos em Portugal depois de ter começado a jogar na Academia Feyenoord em Gomoa Fetteh e de ter passado pelo Cheetah, em Kasoa. O ganês reforçou a formação do FC Porto quando tinha apenas 17 anos, detetado pelo técnico neerlandês Patrick Greveraars, tendo cumprido dois anos nos juniores antes de ser cedido ao Rio Ave por empréstimo para aquela que seria a sua temporada de afirmação com seis golos e outras tantas assistências em 31 jogos oficiais em Vila do Conde. Em 2012/13 começou a época como titular nos dragões de Vítor Pereira com a conquista da Supertaça diante da Académica, acabando a temporada como campeão numa caminhada que ficou sobretudo marcada pelo golo de Kelvin nos descontos da penúltima jornada frente ao Benfica. Por estar em fim de contrato, saiu para o Chelsea em setembro por cerca de 3,5 milhões de euros após ter sido cobiçado também pelo Liverpool.

Apesar da aposta dos blues, Atsu nunca chegaria a jogar pelo conjunto londrino, sendo logo nessa temporada cedido aos neerlandeses do Vitesse com quem o clube tinha um protocolo e ganhando os minutos que lhe faltavam para estar no Campeonato do Mundo de 2014. “Até custa a acreditar que cheguei a internacional tão jovem. Sonhava jogar na seleção e participar num Mundial. Em miúdo via sempre os jogos dos Black Stars na TV, quando estava na Academia do Feyenoord, e agora estou aqui. Estou grato por isso. Venho de uma família pobre e humilde. Vendi peixe no mercado para ganhar dinheiro e ajudar a família e cheguei mesmo a vender sacos de plástico nesse mercado. Quando voltava para casa não eram momentos felizes mas, com a ajuda de Deus, a felicidade chegou. Lembro-me sempre do que a minha mãe me dizia: ‘Há muitas pessoas que trabalham no duro mas a sua vida não muda porque essas pessoas não têm fé em Deus’. Eu tenho muita fé em Deus e Ele tem-me ajudado”, comentou nessa fase da carreira.

Ao contrário do que tinha acontecido em 2010 na África do Sul, com a chegada aos quartos e uma derrota dramática com o Uruguai nas grandes penalidades, o Gana não passou da fase de grupos no Brasil em 2014 com o esquerdino titular em todos os encontros. No ano seguinte, depois da quarta posição em 2013, os Black Stars chegaram à final da Taça das Nações Africanas mas perderam no desempate por penáltis com a Costa do Marfim. Nessa época Atsu esteve cedido ao Everton, seguindo-se novo empréstimo a Bournemouth e Málaga sem nunca obter muita utilização. Tudo mudaria em 2016/17, com o internacional a ter a melhor época em Inglaterra ao serviço do Newcastle de Rafa Benítez (cinco golos e três assistências em 35 jogos) e a permanecer a título definitivo no clube que voltou à Premier League a troco de oito milhões.

Depois de três épocas quase sempre como opção inicial mesmo com a troca do técnico espanhol por Steve Bruce em 2019/20, Christian Atsu acabou por praticamente não jogar em 2020/21 e saiu no verão para a Arábia Saudita reforçando o Al-Raed até passar em setembro de 2022 para os turcos do Hatayspor. Contratado no final da janela de mercado de transferências do verão, beneficiando do período mais longo da Liga turca em comparação com as principais ligas europeias, Christian Atsu não teve um arranque fácil de percurso pelo Hatayspor, atual 14.º classificado do Campeonato. Foi suplente utilizado com o Karagumruk na derrota por 3-0 em outubro, jogou mais dez minutos a meio de janeiro na goleada sofrida frente ao líder Galatasaray por 4-0, entrou este domingo a oito minutos do final da receção ao Kasimpasa. Menos tempo, muito mais “sorte”: foi o ganês que marcou o único golo da vitória por 1-0 no sétimo minuto de descontos, garantindo assim que a equipa fugia aos lugares de despromoção (sendo que depois do sismo o conjunto de Hatay acabou por desistir da prova). Tem no currículo três títulos, dois no FC Porto (Campeonato e Supertaça) e um no Newcastle (Championship).