Uma primeira explosão na sequência da grande penalidade de Carole Costa, uma segunda explosão depois do apito final. Portugal foi até ao outro lado do globo fazer história com a primeira qualificação de sempre para a fase final de um Campeonato do Mundo, após derrotar os Camarões no playoff intercontinental por 2-1, e a festa não poderia ser maior em Hamilton com os adeptos portugueses que marcaram presença no Estádio Waikato que irá receber no verão o segundo encontro no Mundial frente ao ao Vietname. E houve um pouco de tudo, da enorme bandeira que foi passando de jogadora em jogadora até ao discurso de Francisco Neto numa roda onde foi percetível o sentimento de realização e os olhos colocados já no trabalho até julho.

Elas são um exemplo de tudo, elas não têm de provar mais nada (a crónica do Portugal-Camarões que valeu a qualificação para o Mundial)

Agora, e como o selecionador também referiu, “é para festejar”. E entre muitas lágrimas no relvado e na zona mista do Estádio Waikato, sobraram três grandes ideias: 1) a realização de um sonho que este grupo há muito perseguia; 2) a recordação de todas as antigas gerações que foram segurando o futebol feminino até surgir o recente boom com os resultados conhecidos; 3) os “pedidos” para que a aposta e todos os apoios continuem a chegar para que este não seja um ponto de chegada mas sim um ponto de passagem num trajeto em crescendo que tem agora a primeira presença num Mundial depois de dois Campeonatos da Europa.

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“É difícil expressar o que sentimos neste momento. Foi um momento muito esperado por várias gerações, pela nossa, pelo abrir portas para as futuras. Acho que ainda não temos bem a noção da grandeza do que acabámos de fazer mas estamos extremamente orgulhosas porque lutámos e trabalhámos muito para chegar aqui. Merecemos muito estar num Mundial pela primeira vez e fazer história para Portugal. É o momento do futebol feminino português, de todas nós. De todos os que têm de abrir ainda mais os olhos, porque nós, mulheres, temos feito um grande trabalho e uma grande evolução nos últimos anos e merecemos que nos continuem a dar a mão. E agora continuem a acreditar em nós e a apostar que o futebol em Portugal tem muito qualidade e grande futuro pela frente”, destacou a capitã Dolores Silva ao canal 11.

“Mensagem para o grupo? Acho que o que mais tento passar e sermos nós próprias. Cada uma com a sua personalidade, trazer o melhor que pode aportar ao grupo, quer dentro quer fora do campo, cada uma de nós aporta sempre alguma coisa. Crescemos juntas, trabalhamos e erramos juntas, choramos juntas, sorrimos juntas, festejamos juntas. O que mais tento passar é o acreditar, acima de tudo, que nós temos muita qualidade e que merecemos muito estar no Mundial”, acrescentou ainda a jogadora do Sp. Braga.

“Este sonho é de muitas gerações. Lembro-me de jogar com a Edite, com a Carla Couto… Certamente que queriam estar aqui a festejar este momento connosco mas devem estar em casa a fazê-lo. Pressão antes do penálti? Senti a responsabilidade, sabia que o jogo estava quase a acabar e podia dar a vitória. Acabei por dar o meu melhor, a bola entrou. É o golo mais feliz da minha vida… Aliás, é o dia mais feliz das nossas vidas. Agora? E agora é o Mundial, estamos lá!”, salientou Carole Costa, central que voltou a marcar e terminou a qualificação como a melhor marcadora de Portugal com cinco golos mesmo sendo central.

“Quando sofremos o empate sabíamos que tínhamos de dar a volta. Não ia ser um jogo fácil porque elas eram jogadoras muito físicas. Se calhar foi o jogo menos conseguido de toda esta série mas ganhámos e o objetivo e o nosso sonho estão concretizados. Estou mesmo feliz, nem sei mesmo o que dizer… Cada jogadora tem a sua história mas todas sonhámos sempre com isto, Portugal merecia há muito estar nos grandes palcos. É mais um sonho realizado. Estamos a fazer o nosso trabalho, só precisamos que continuem a acreditar e a investir no futebol feminino em Portugal. Já se vai percebendo o processo evolutivo desta Seleção, foram 13 jogos agora estar no Mundial. O que fica? Jogar à Portugal, porque isso é jogar com alegria e com bola. Quando somos nós mesmas, conseguimos até fazer transbordar essa alegria”, referiu Jéssica Silva.

“Hoje ganhei tudo, estamos no Mundial e é o mais importante. Entrámos muito bem e podíamos ter resolvido na primeira parte. Sofremos por culpa própria, mas conseguimos e estou muito orgulhosa. É um sonho para todas as gerações que passaram e as que ainda sonham cá estar. Estamos muito contentes por poder fazer parte desta história e mudar o futebol feminino português”, frisou também Tatiana Pinto, médio dos espanhóis do Levante que recebeu o prémio de MVP do jogo frente aos Camarões.