No verão de 1971, uma professora de 24 anos foi encontrada morta no seu apartamento em Burlington (Vermont, EUA) por uma colega de casa. Tinha sido estrangulada. Durante mais de 50 anos, ninguém soube quem estaria por trás do crime. Até que, esta terça-feira, a polícia de Burlington anunciou ter resolvido o mistério e declarou o caso oficialmente encerrado.

O responsável pelo homicídio de Rita Curran, acredita a polícia local, é William DeRoos, que à altura era vizinho da professora. DeRoos morreu em 1986, razão pela qual não haverá acusação judicial.

Mas como é que os investigadores chegaram ao nome de DeRoos? Como explica a CNN, foi tudo graças a uma beata de cigarro. Em 2014, a equipa conseguiu extrair um perfil de ADN de uma beata encontrada na cena do crime. Contudo, não houve correspondência com nenhum perfil da base de dados nacional, o que indicia que o suspeito não teria cadastro. E o caso voltou a ficar parado, como tinha estado durante mais de 40 anos.

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Em 2019, o departamento policial de Burlington decidiu reabrir o caso e seguir uma nova estratégia. Em vez de o investigar da mesma forma que normalmente usa para casos antigos — com um único detetiva —, Jim Trieb decidiu dedicar toda uma equipa à investigação, como se o crime tivesse ocorrido no dia anterior.

A estratégia resultou. Os investigadores encontraram um meio-irmão de DeRoos, que acedeu a ceder uma amostra do seu ADN. Depois, comparou o ADN encontrado na beata com esta amostra e com outra amostra retirada de um casaco de DeRoos. A conclusão era clara: havia correspondência.

Contudo, tal não fazia sentido, porque DeRoos sempre teve um álibi. A sua mulher, Michelle, sempre garantira à polícia que o marido tinha passado toda a noite em casa, consigo. Porém, com as provas genéticas, a polícia decidiu voltar a interrogar a mulher, mais de 50 anos depois. E, desta vez, a história foi outra.

Em 1971, na mesma noite em que o crime foi cometido, Michelle e William tiveram uma discussão. O marido saiu então para “apanhar ar”, como descreveu a polícia de Burlington. Na manhã seguinte, depois de ter sido encontrado o corpo de Rita Curran, a polícia bateu à porta dos DeRoos, perguntando-lhes se sabiam de algo. Estes negaram.

Imediatamente depois de fechar a porta, ele virou-se para a Michelle e disse-lhe que, se a polícia voltasse a aparecer, ela tinha de lhes dizer que ele tinha passado toda a noite em casa”, resumiu na conferência de imprensa o detetive Jim Trieb.

William disse à mulher que tinha cadastro — o que não era verdade — e que temia que isso lhe trouxesse problemas. Michelle acedeu em mentir por ele no álibi.

William e Michelle separaram-se pouco tempo depois. Ele partiu para a Tailândia onde, segundo a CBS, se tornou monge. Mais tarde, regressou aos Estados Unidos e voltou a casar. Morreu em 1986. “Estamos confiantes que William DeRoos é o responsável pelo homicídio de Rita Curran, mas, como ele morreu de overdose num quarto de hotel, não será responsabilizado pelas suas ações. Contudo, este caso será encerrado“, resumiu o detetive Trieb.