Um investimento assinalável em cinco contratações que foi superior a 42 milhões que chegaram quase aos 50 milhões com os encargos adicionais, um valor mais parco do que é normal a nível de vendas com menos-valias nos casos de Sérgio Oliveira e Marchesín, um resultado que nem com os 51,3 milhões de euros da Liga dos Campeões conseguiu chegar a território positivo: o FC Porto informou esta terça-feira a CMVM de que o Relatório e Contas do primeiro semestre de 2022/23 fechou com um resultado líquido negativo de 9,9 milhões de euros, ligeiramente menor do que os 10,3 milhões do período homólogo da última temporada.

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Entre outros destaques no resumo enviado à CMVM, a sociedade azul e branca explica que os proveitos operacionais sem contar com vendas de jogadores aumentaram pouco mais de 12 milhões, contribuindo para isso o crescimento em várias rubricas incluindo as receitas da Liga dos Campeões onde não estão ainda contabilizados os 9,6 milhões de euros pela presença nos oitavos (o apuramento para os quartos renderá mais de dez milhões). Em paralelo, também os cursos operacionais cresceram cerca de 17,5 milhões, “onde se inclui a atribuição de prémios de acesso à Champions de 2022/2023 na qualidade de campeões nacionais, assim como de prémios pela performance desportiva da equipa na fase de grupos da prova europeia e pela conquista da Supertaça Cândido de Oliveira”, como refere o Relatório e Contas.

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“Os resultados com cedência de passes de jogadores não tiveram a habitual preponderância nos resultados do grupo, tendo ainda assim contribuído com 3,687 milhões para o resultado deste primeiro semestre de 2022/23. Os resultados operacionais são ainda assim positivos, em 1,43 milhões, em linha com os do período homólogo”, prossegue ainda o documento, que assinala uma diminuição num passivo que se fixa agora nos 481,4 milhões. “Registou uma redução significativa, de 48,747 milhões, essencialmente devido à diminuição do valor global dos empréstimos, em 41,8 milhões, o que representa um corte de 15%, face a junho de 2022 do passivo remunerado”, aponta, numa das rubricas mais relevantes a curto e médio prazo.

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Olhando ainda para os valores oficiais de todos os negócios feitos no verão pela SAD dos azuis e brancos, a grande novidade prende-se com Samuel Portugal, guarda-redes que teria vindo por um milhão de euros por 20% do passe mas que nesta fase já custou 2,5 milhões por mais de metade do passe (55%). David Carmo, central que já foi titular mas que não tem sido opção nas últimas semanas, foi a contratação mais cara com um valor de 20,2 milhões mais 750 mil euros de encargos, seguindo-se Gabriel Veron (10,2 milhões com mais 2,2 milhões adicionais), Eustáquio (a opção de compra ao P. Ferreira custou 4,2 milhões) e André Franco (quatro milhões, com encargos residuais de 64 mil euros). Em sentido inverso, a saída de Francisco Conceição para o Ajax valeu cinco milhões, ao passo que Sérgio Oliveira rendeu três milhões com uma menos-valia de 820 mil euros e Marchesín deu um milhão mas com menos-valias de 989 mil euros.

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“A primeira metade da época manteve o FC Porto na crista da onda, com a firme vontade de manter a equipa como dona dos mais importantes troféus do futebol português. Depois de uma temporada de sucesso, a nova época começou com a conquista da Supertaça. Era o ponto de partida para novos desafios, com a certeza que teríamos pela frente um ano ainda mais difícil, não só pelo empenho de todos os adversários em vencerem o campeão, como pela permanente campanha das centrais de propaganda que nos atacam permanentemente, consequência da inveja que causamos. Somos um clube habituado a dificuldades, a ultrapassar obstáculos que obrigam a muito trabalho e a uma constante capacidade de superação. Só assim foi possível inverter a entrada em falso que tivemos na Liga dos Campeões, com duas derrotas nas duas primeiras jornadas, largamente compensadas com quatro vitórias consecutivas, o que permitiu passar do último lugar para o primeiro”, destacou Pinto da Costa, líder da SAD azul e branca, no Relatório e Contas.

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“A nossa equipa, o nosso treinador, eu enquanto presidente, não podemos nunca prometer vitórias, porque isso só se consegue no campo, mas também já não precisamos de prometer empenho e dedicação, porque todos os que gostam e acompanham o FC Porto sabem que lutamos sempre pela vitória, pela conquista e que não nos temos dado nada mal. Vamos continuar a ser competitivos e a acreditar que em maio vamos ter razões para celebrar, como ainda recentemente celebramos a conquista da Taça da Liga”, completou.