A SAD do FC Porto anunciou esta terça-feira um resultado financeiro positivo de 33,4 milhões de euros no final da época 2020/21, considerado o “melhor resultado obtido pela sociedade anónima desportiva”. Apesar da limitação da receita associada à bilhética, devido às restrições provocadas pela pandemia que deixaram os estádios vazios, os proveitos operacionais subiram para 153,6 milhões, numa quantia que exclui os custos com passes de jogadores e que se deve principalmente à participação na Liga dos Campeões, onde os dragões chegaram aos quartos de final.

De recordar que, na época passada, estes mesmos proveitos operacionais haviam sido de 87,2 milhões de euros, numa subida que chega aos 66,3 milhões. Na apresentação das contas da SAD do FC Porto, foi ainda indicado que os custos com pessoal aumentaram quase 10 milhões de euros de 2019/20 para 2020/21, algo que Fernando Gomes, administrador, justificou com o pagamento de prémios em atraso. “Os custos crescem devido ao aumento com os custos com o pessoal, um agravamento de quase 10 milhões, porque foi da época 2020/21 que pagámos os prémios de termos sido campeões em 19/20. Todos os prémios de performance europeia e ter sido campeão em 2020/21 e daí que os custos tenham tido um incremento na ordem dos 10 milhões”, disse. No total, os custos com pessoal saltaram dos 82,910 para os 82,316 milhões.

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Para o histórico resultado, contribuíram largamente os resultados com as transações de passes de jogadores, que chegaram aos 74,792 milhões de euros. O ativo aumentou em 107,1 milhões, num total atual de 407, mas o passivo também cresceu, fixando-se agora nos 74,2 milhões. Apesar desse crescimento dos empréstimos, 59.725 da dívida prendem-se com a antecipação de contas ainda a receber de vendas de passes de jogadores.

Fernando Gomes, administrador da SAD dos dragões, declarou que este é um “resultado excelente”. “Tanto melhor que aconteceu numa época em que as receitas foram menores do que o normal”, acrescentou, recordando o impacto da pandemia e referindo-se ainda ao fairplay financeiro. “O FC Porto, ao fim destes quatro anos de fairplay financeiro, criou condições para sair. Cumpriu todas as regras que a UEFA determinou e cumpriu tudo o que havia para ser cumprido para sair. Estas contas vão ser enviadas para a UEFA com prova final do cumprimento das obrigações e esperemos que, muito em breve, provavelmente em novembro, a UEFA faça uma declaração pública em como o FC Porto cumpriu”, afirmou Fernando Gomes.

Ainda à margem da apresentação das contas, Pinto da Costa garantiu que o FC Porto não vai renovar contrato com “nenhum jogador que custe mais de seis milhões de euros por ano à SAD”, recordando o caso de Herrera e dando como exemplo a situação de Samaris, no Benfica. “É evidente que o FC Porto não pode renovar com um jogador que peça seis milhões de euros para renovar, como aconteceu com o Herrera. Não pode pagar esses vencimentos, senão todos pediriam isso. Pode acontecer o que aconteceu ao Benfica, que renovou com o Samaris para não dizerem que saiu a custo zero e depois, quando chegou a hora de sair, tinha contrato e ainda teve de o pagar para sair”, explicou o presidente dos dragões, que também comentou as saídas a custo zero que o clube tem registado nos últimos anos partindo dos exemplos de Messi e Mbappé.

“Há meia dúzia de anos era impensável o Messi sair do Barcelona a custo zero. Era impensável que um jogador do PSG, como tudo leva a crer, vá sair para o Real Madrid a custo zero. Isto só tem grande relevância porque duas televisões especializadas no FC Porto estão preocupadas com as saídas a custo zero do FC Porto mas é um falso problema. Quando se contrata um jogador, o que se quer é rendimento desportivo. Se der rendimento financeiro, melhor”, terminou Pinto da Costa.

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Por fim, o presidente do FC Porto ainda apresentou esclarecimentos sobre a investigação que o Ministério Público está a realizar aos negócios entre os dragões e o Tombense, um clube do terceiro escalão do Brasil, conforme foi adiantado esta segunda-feira pela CMTV. Pinto da Costa garantiu que as recentes transferências com o emblema brasileiro — Evanilson, João Marcelo, Caíque e Wesley, os últimos três a atuar na equipa B — foram legais e até abriu a porta à possibilidade de enviar os respetivos contratos para o Ministério Público.

“Vou esclarecer o processo do Evanilson. O Evanilson foi comprado ao Tombense, porque era do Tombense, mas estava emprestado ao Fluminense. Foi com o Tombense que o FC Porto negociou, num contrato claríssimo que frise que o jogador rescindiu com o Fluminense para vir para o FC Porto. Os outros jogadores, o João Marcelo, o Caíque e o Wesley, vieram a custo zero, por empréstimo, sem qualquer comissão. Vão apenas custar a estadia aqui e o ordenado. Não envolveu comissão de empréstimo seja para quem for. Vamos enviar os contratos ao Ministério Público para, se for verdade, não perderem tempo e confirmarem a veracidade do documento e a legalidade de todas as transferências”, disse.