O Grande Prémio do Bahrain, o primeiro da nova temporada de Fórmula 1, trouxe a certeza da superioridade da Red Bull. Mas trouxe mais do que isso: se os Ferrari são quem mais se aproxima de Verstappen e Pérez, apesar do azarado abandono de Charles Leclerc, a Mercedes não consegue sequer chegar perto desse ritmo.
Lewis Hamilton e George Russell foram apenas 5.º e 7.º no Bahrain, respetivamente, e viram Fernando Alonso ficar com o último degrau do pódio — sendo que o Aston Martin do espanhol e de Lance Stroll, que ficou em 6.º, tem motor, caixa de velocidades e suspensão da Mercedes. O carro dos dois britânicos foi apenas o quarto melhor, um resultado magro e francamente escasso para quem pretende lutar ativamente pelo Mundial de pilotos e construtores.
Nesse sentido, a imprensa inglesa não precisou de muito tempo para começar a especular sobre uma eventual saída de Lewis Hamilton. O piloto de 38 anos tem contrato até ao fim da época e já manifestou a intenção de continuar na Mercedes e correr até aos 40 mas Toto Wolff, diretor da equipa, foi mesmo questionado sobre a possibilidade de o britânico decidir não completar a temporada devido à ausência de ritmo e competitividade.
“Seria demasiado fácil perder um piloto e atirar a toalha ao chão, não fazemos fazer isso. Pelo contrário: precisamos de ir ao fundo da questão, mais fundo do que qualquer outra vez, e dar aos dois pilotos um carro com o qual possam lutar. O Lewis é uma parte integral da equipa, tem o papel de motivar e estamos todos a conversar em conjunto. Não acho que isso vá mudar só porque tivemos um péssimo arranque de temporada. Ganhámos oito Mundiais de Construtores e seis Mundiais de Pilotos com ele, essa relação mantém-se”, explicou o austríaco depois da corrida que Max Verstappen venceu com uma facilidade impressionante.
Horner vs Wolff. A rivalidade entre dois diretores que agita a Fórmula 1 fora de pista
Apesar do otimismo, a verdade é que Toto Wolff acabou por admitir que o Grande Prémio do Bahrain não teve “nada de positivo” para a Mercedes. “Faltou ritmo. Os pilotos têm de forçar e isso é mau para os pneus. A Red Bull está noutro planeta, a Aston Martin tem o segundo carro mais rápido. Foi um verdadeiro alerta para nós. Um dos piores dias de corrida. Nada bom. Lembrou-me os nossos melhores anos, quando todos os outros ficavam sempre em segundo. Essa é a referência”, acrescentou, sublinhando que a distância para a Red Bull foi “dolorosa”.
Já Lewis Hamilton, apesar de não ter escondido que a Mercedes é atualmente a “quarta melhor equipa”, demonstrou algumas linhas de otimismo. “Temos de continuar a trabalhar. Não estamos nem sequer perto de onde precisamos de estar e sabemos que este não é o carro certo. É muito difícil mas tenho de tentar manter-me positivo, levantar a cabeça e continuar a motivar os rapazes. Continuar a tentar ser uma luz positiva para eles e conquistar todos os pontos que conseguir nos fins de semana. Mas nem sequer estivemos perto do pódio”, defendeu o piloto britânico.
George Russell, por outro lado, foi mais fatalista. “A Red Bull tem o Campeonato nas mãos. Ninguém vai lutar com eles este ano. Vão vencer todas as corridas este ano, é essa a minha aposta, tendo em conta este desempenho. O ritmo deles parecia mais fraco neste fim de semana do que nos testes de pré-época mas eles têm muita facilidade no momento decisivo. Fazem o que querem. Podem não estar na pole-position o tempo todo, porque sabemos que a Ferrari é muito competitiva na qualificação, mas em ritmo de corrida estão numa posição muito forte”, concluiu o jovem piloto.