Lights out!” e começou a primeira corrida do mundial de Fórmula 1. No Bahrain, depois de ter conseguido a pole-position, Max Verstappen venceu o grande prémio e fez a dobradinha, demonstrando que continua num nível diferente dos restantes. A novidade para a Red Bull, que fez 1-2 com Sergio Pérez no segundo lugar, é outra. O Aston Martin mais rápido numa corrida de Fórmula 1 já não é o safety car. A equipa representada por Fernando Alonso (P3) e Lance Stroll (P6) tornou-se competitiva e superiorizou-se a Ferrari e Mercedes. Aos 41 anos, Alonso demonstrou que está aí para as curvas, literalmente.

No arranque, Max Verstappen conseguiu segurar a pole-position que conquistou no sábado. A todos o gás, o neerlandês fugiu da confusão que se instalava atrás de si. Charles Leclerc com pneus macios novos atacou logo a P2 de Sergio Pérez, que partindo da primeira linha da grelha, perdeu a posição para o francês. O ataque da Ferrari foi intenso e o mexicano, tal como Sainz, que quase também o ultrapassou, excederam os limites da pista.

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Mais atrás, quando se pensava que Alonso ia subir posições, acabou por ser ultrapassado pelos dois Mercedes. George Russell colado a Lewis Hamilton ia comunicando à equipa que estava com melhor ritmo do que o colega, sugerindo que a Mercedes pedisse ao sete vezes campeão do mundo que o deixasse ultrapassar. Russell tinha a volta mais rápida até então, mas a equipa não acedeu ao pedido e Hamilton continuou aproximar-se da frente.

Russell mantinha-se ainda assim como figura de destaque e protagonizou a primeira luta direta da corrida com Alonso — Hamilton já ocupava a quinta posição depois de ter ultrapassado o espanhol –, mas nem o Aston Martin conseguiu ultrapassar. A luta entre Aston Martin e Mercedes tinha começado nos bastidores. O Aston Martin tem o melhor dos dois mundos: Totto Wolff relembrou que metade do carro é inspirado na Mercedes, nomeadamente nas componentes menos visíveis, a Red Bull diz que Dan Fallows, antigo chefe de aerodinâmica da equipa que foi para a Aston Martin, se inspirou no carro de Max Verstappen e Sergio Pérez — olhando para a parte lateral dos dois monolugares é possível ver semelhanças.

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Porque voltámos a gostar de Fórmula 1?

A Aston Martin pode ser uma das grandes surpresas da temporada depois de no ano anterior ter terminado o campeonato de construtores em sétimo. Lance Stroll, que se pensou que podia ser substituído por Drugovich no primeiro GP da temporada, apresentou-se em notórias dificuldades durante os treinos livres devido a uma lesão no pulso provocada por um acidente de bicicleta. As dores afetaram a sua condução na sexta-feira, mas, no sábado, parecia que tudo estava ultrapassado com a chegada do canadiano à Q3 e conseguindo garantir que arrancava a corrida no oitavo lugar, logo atrás de Lewis Hamilton. De elogiar a capacidade de superação de Stroll, mas o Aston Martin de conduz ajuda bastante ao desempenho. Foi nesse mesmo carro que Fernando Alonso, depois de liderar os treinos 2 e 3, qualificou na quinta posição.

Ninguém no paddock disfarçava. O ritmo do espanhol causava apreensão à equipas rivais. A Red Bull, nas palavras do conselheiro Helmut Marko, não escondia que El Plan era o rival a abater este domingo. “O nosso principal rival é Fernando Alonso”, justificando esta opinião com o facto da Ferrari desgastar os pneus demasiado rápido. Não estava errado. Mesmo dentro da Scuderia se reconhecia que o Aston Martin “provavelmente ia ser mais rápido do que mostrou na qualificação”, avançava Charles Leclerc.

Fernando Alonso voltou a demonstrar o seu valor. Não conseguiu na curva 9, mas na curva 10, na linha de trajetória interior, passou por Lewis Hamilton. “Ainda estamos a esconder um pouco” disse o diretor da Mercedes, Totto Wolff, quanto ao desempenho do W14. Estava então na hora de vermos o que valia em corrida. As sensações não foram tão más como na época passada.

Para o GP do Bahrain, todos os pilotos arrancaram com pneus macios, exceto Kevin Magnussen que calçou  os duros. Na volta 10, Pierre Gasly, foi o primeiro a ir às boxes. Seguiram-se os restantes pilotos que, na grande maioria calçaram pneus duros. Os pilotos da Red Bull foram dos últimos a parar e colocaram macios nos dois monolugares.

Nos últimos lugares, muita gente estava com problemas. Esteban Ocon foi penalizado por três vezes. Primeiro, cinco segundos por não se ter posicionado devidamente na grelha de partida. Depois, dez segundo por não ter cumprido primeiro castigo devidamente. Por fim, mais cinco por não ter comprido os limites de velocidade na ida às boxes. O Alpine acabaria por deixar a corrida.

Os McLaren, como se esperava, demonstraram logo na primeira corrida que vão ter uma época longa. O rookie Oscar Piastri foi o primeiro a abandonar esta época e Lando Norris teve que parar três vezes no espaço de pouco tempo devido a problemas no motor que manteve até ao final.

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Entretanto, o pódio estabilizou com Max Verstappen, Sergio Pérez e Charles Leclerc. O mexicano recuperou a segunda posição tirando partido dos pneus macios face aos duros do Ferrari. Se o neerlandês seguia num mundo à parte, o outros dois lugares do pódio estavam por definir. Quando nada o fazia prever, Leclerc ficou sem energia no carro e foi forçado a abandonar. Na temporada passada, no Bahrain, os dois Red Bulls tiveram problemas de fiabilidade e a Ferrari fez um 1-2 com Leclerc a ganhar a corrida e Sainz a ficar com a segunda posição. Desta vez, o feitiço inverteu-se. Foi ativado um safety car virtual junto do setor em que o monegasco ficou encostado, mas sem causar nenhuma surpresa. Sainz ocupou o terceiro lugar que era do colega de equipa, mas foi ultrapassado por Fernando Alonso que continuou a ser destaque.

Sem alterações Max Verstappen (P1) levou os primeiros 25 pontos da temporada com Sergio Pérez (P2) e Fernando Alonso (P3) a completarem o pódio. Zhou Guanyu levou o ponto da volta mais rápida (1:33.996) que foi de Pierre Gasly até perto do fim. O Alpine conseguiu, partindo do último lugar, terminar na P9. Alexander Albon fechou as posições com direito a pontos. Quanto aos rookies de Vries e Sargeant ficaram em 12.º e 14.º, respetivamente.