O tiro de partida para o grande objetivo político do ano social-democrata: manter o poder na Madeira e evitar perder (ainda mais) força no Parlamento regional. Na abertura do primeiro encontro interparlamentar, que contará com Luís Montenegro e que junta representantes do PSD regional e da família europeia do partido, o PPE, Miguel Albuquerque atirou-se ao Governo da República e lamentou o facto de o Estado se “demitir” das responsabilidades que tem para com as regiões autónomas.

Esta iniciativa acontece um dia depois de a Iniciativa Liberal ter rasgado o acordo com o PSD nos Açores, esvaziando a base de apoio parlamentar dos sociais-democratas. Uma coincidência que, num ano decisivo para o PSD-Madeira (perdeu a maioria absoluta nas últimas regionais), não passou despercebida a José Manuel Fernandes, eurodeputado do PSD e chefe da delegação do partido no Parlamento Europeu.

O social-democrata não deixou de lembrar a importância de preservar o PSD como grande “referencial de estabilidade” na região, numa referência indireta ainda que evidente ao que acabou de acontecer nos Açores e como aviso aos madeirenses. “Os eleitores da Madeira sabem que não podem desperdiçar votos”, sugeriu José Manuel Fernandes.

Não entrando ainda em modo campanha eleitoral, Albquerque atirou-se diretamente ao Governo da República. “O Estado demitiu-se de assumir as suas responsabilidades. Diz-nos: ‘Vocês que se orientem que nós não temos nada que ver com o assunto’. Está-se nas tintas para a Madeira e para os Açores. Está sempre a reclamar de uma solidariedade da UE que não tem com as suas regiões autónomas”, lamentou o presidente do Governo Regional da Madeira.

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Na sua primeira intervenção do dia – é expectável que volte a discursar à noite, já ao lado de Luís Montenegro –, Miguel Albuquerque sublinhou a importância das regiões ultraperiféricas nas suas várias dimensões para a afirmação da Europa no Mundo. “As regiões ultraperiféricas não estão de mão estendida. É uma falácia. A Europa tem obrigação de potenciar estas regiões”, argumentou o social-democrata.

Nesse sentido, o presidente do Governo Regional da Madeira defendeu que “a mobilidade para as regiões ultraperiféricas” não pode ser “penalizada por utopias disparatadas”, referindo-se às taxas ambientais que são impostas ao transporte via marítimo e, sobretudo, via aéreo, sob pena de a economia madeirense ficar “estrangulada” e perder para outras regiões mais competitivas. Albuquerque desafiou ainda os eurodeputados sociais-democratas a defenderem em Bruxelas a garantia que existe na Madeira uma “ligação digital equitativa e com preços acessíveis” para as empresas.

No plano nacional, o social-democrata voltou a pressionar António Costa para avançar com a revisão da Lei das Finanças Regionais, de forma a acompanhar os sobrecustos que a Madeira tem com o Estado Social, nomeadamente Educação e Saúde – de acordo com o presidente madeirense, os custos com a Saúde de cada pessoa custam mais 40% do que no Continente. “Se queremos manter o Estado Social isto é decisivo.”