Os 123.800 peregrinos que percorreram os dois caminhos portugueses certificados para Santiago de Compostela, o central e o da Costa, geraram receitas de 16 milhões de euros, em 2022, foi esta terça-feira divulgado.
Em declarações aos jornalistas, no Museu do Mar, em Vigo, à margem de um seminário onde foram apresentados os resultados do projeto de cooperação transfronteiriça “Facendo Caminho”, o investigador Melchor Fernández explicou que aquele montante corresponde a 6% do impacto económico total gerado pelos 438 mil dos peregrinos que chegaram a Santiago de Compostela, no ano passado.
O investigador e professor da Universidade de Santiago de Compostela adiantou que o impacto económico “direto” de 16 milhões de euros reflete-se no percurso entre o Porto e Valença.
Do lado português há dois caminhos certificados: o central, que parte de Viseu e passa pelo Porto, e o da Costa, que parte do Porto e termina em Valença, este último num total de 138 quilómetros de extensão. Do lado espanhol, há oito caminhos certificados.
Melchor Fernández adiantou que o impacto económico do lado português foi calculado com base no gasto diário de 55 euros por dia, numa média de seis dias para chegar a Santiago de Compostela. Já do lado espanhol disse que, em média, o peregrino gasta cerca de 50 euros por dia. O economista adiantou que aqueles gastos são aplicados em estadia e alimentação.
O responsável adiantou que esta rota milenar “tem um potencial de crescimento tremendo” e sublinhou que “o peso dos peregrinos” na economia dos dois países é superior ao gerado pelos turistas nacionais e internacionais.
Com os peregrinos de Santiago de Compostela há um efeito de arrasto, porque o dinheiro fica diretamente no território e em toda a extensão do percurso. Há até peregrinos que no Caminho português pela costa ficam para participar em atividades lúdicas, culturais e desportivas”, especificou.
Quanto ao perfil do peregrino, em 2022, contabilizaram-se mais mulheres e pessoas com mais idade. “O número de peregrinos entre os 60 e os 65 anos é superior aos mais novos, com 30 anos”, destacou. Os peregrinos que participaram no inquérito realizado pelo investigador referem ser uma “experiência positiva, não consideram que seja perigosa”.
Apontou como prioridades “a existência de sinalização para os peregrinos que entram em Vigo, o aumento de albergues públicos, a necessidade de “clarificar o papel dos operadores turísticos, bem como a “homogeneização da extensão das etapas do percurso”
Também a delegada territorial da Junta da Galiza em Vigo, Marta Fernández, criticou a falta de sinalização dos caminhos naquela cidade espanhola.
“O número de peregrinos continua crescer apesar dos entraves que se colocam em Vigo, por falta de sinalização“, alertou, referindo que se não fosse a ajuda de taxistas, hotelaria e comércio “muitos peregrinos acabariam por se perder na cidade”.
Na sessão, a presidente da Federação Portuguesa dos Caminhos de Santiago, Ana Rita Dias, anunciou que a Covilhã vai receber, entre os dias 23 e 25, o primeiro fórum do peregrino.
No Museu do Mar foi ainda apresentado o Guia Digital “Facendo Caminho”, que inclui todos os Caminhos portugueses de Santiago na Eurorregião, desenvolvido por Guti Martín e Simón Neira.