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Vários dos mais conhecidos rostos da propaganda do Kremlin, incluindo alguns dos principais apresentadores do canal estatal Rossiya-1, responderam nos últimos dias com duras ameaças à notícia de que o Tribunal Penal Internacional emitiu, na última sexta-feira, um mandado de captura internacional contra Vladimir Putin devido à deportação forçada de crianças ucranianas para o território russo.

“Gostava de ver o país que detiver Putin ao abrigo da decisão da Haia. Oito minutos depois. Ou qualquer que seja o tempo de voo até à respetiva capital”, escreveu no Telegram a jornalista russa Margarita Simonyan, diretora da Rossiya-1, o canal controlado pelo Kremlin — evocando uma retórica já bem comum na propaganda russa e no canal estatal, onde já houve até debates sobre quantos segundos demoraria um míssil intercontinental a chegar a cada capital europeia.

Tribunal Penal Internacional identifica “centenas de crianças” ucranianas deportadas para a Rússia e emite mandado de captura de Putin

Outro rosto conhecido da televisão estatal russa, o apresentador Vladimir Solovyov, já veio dizer que o Tribunal Penal Internacional, em vez de um mandado de captura internacional, “devia nomear Vladimir Putin para o Prémio Nobel da Paz devido a estas crianças”.

Segundo a revista americana Newsweek, Solovyov disse que a Rússia está, na verdade, a dar “às crianças de Donbass abrigo, comida e educação”, enquanto enquanto a União Europeia “nem foi capaz de aceitar humanamente os refugiados ucranianos”.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu na última sexta-feira um mandado de captura contra o Presidente russo, Vladimir Putin, por crimes de guerra, pelo seu alegado envolvimento em sequestros de crianças na Ucrânia.

Putin pode mesmo ser detido? África do Sul (que Presidente russo poderá visitar em agosto) diz que está consciente das obrigações legais

Em comunicado, o TPI acusou Putin de ser “alegadamente responsável pelo crime de guerra de deportação ilegal de população (crianças) e transferência ilegal de população (crianças) de áreas ocupadas da Ucrânia para a Federação Russa”.

Apesar de o TPI não ter jurisdição na Rússia, que não é um dos países signatários do Estatuto de Roma, Vladimir Putin arrisca ser detido caso entre em algum dos 123 países onde a jurisdição do TPI chega. É, por exemplo, o caso da África do Sul, onde decorre a próxima cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), na qual é esperada a presença de Vladimir Putin.

As autoridades sul-africanas já vieram a público dizer que estão conscientes das suas obrigações legais internacionais — embora ainda esteja em aberto a questão sobre se Putin vai mesmo participar presencialmente na cimeira.

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