No ano em que assinala a décima edição, o Primavera Sound quer continuar a crescer, mas de forma sustentada. Na apresentação do festival, que decorreu esta terça-feira na Casa do Roseiral, no Porto, foi assumido o compromisso de crescimento, desde o recinto ao orçamento e ao número de artistas que compõe o cartaz — que este ano tem quatro dias para assinalar o aniversário redondo.
“A palavra crescimento é a que melhor caracteriza o festival. Crescemos em número de dias, em número de projetos musicais — nas últimas nove edições tivemos uma média de 60 artistas e este ano temos 76 –, crescemos em termos orçamentais — é um festival que este anos rondará os 13 milhões de euros de investimento — e crescemos também na área ocupada no Parque da Cidade, com mais cinco/seis hectares de área para montagem do festival”, explicou José Barreiro, diretor do Primavera Sound no Porto.
Este ano o Primavera Sound realiza-se ao longo de quatro dias, de 7 a 10 de junho, como forma de celebrar a 10.ª edição do festival. No cartaz estão nomes como Kendrick Lamar, Rosalía, Pet Shop Boys, Blur, Halsey e, anunciados mais recentemente, os britânicos New Order, que atuam no último dia do evento.
New Order são a confirmação-surpresa do festival Primavera Sound no Porto
Nas palavras do diretor do festival no Porto, o Primavera Sound “sempre teve um crescimento sustentado” e assim quer continuar. A organização do festival vai aproveitar as obras de expansão do Parque da Cidade para poder também crescer em termos de recinto, passando de uma capacidade de 35 mil pessoas para o objetivo de acolher 45 mil por dia.
Chegamos a um novo modelo que nos vai permitir crescer sustentadamente nos próximos anos, sem receios de provocar más experiências às pessoas que sempre acreditaram que este é um festival diferenciado. Não queremos, de forma nenhuma, crescer tudo de uma vez. Foi isso que fizemos ao longo destas nove edições e a décima edição será igual. Os nossos cálculos garantem que seria fácil de incluir 55/60 mil pessoas ali, mas o nosso objetivo este ano é ter 45 mil como objetivo máximo para irmos crescendo de forma sustentada”, explicou o responsável.
Outro dos objetivos do festival para este ano é chegar a novos mercados. José Barreiro sublinha que, além do mercado português, a organização do festival pretende continuar a apostar nos mercados mais tradicionais, como Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha, mas o objetivo é também procurar novos mercados, como o norte-americano. “Curiosamente, no ano passado já tivemos mais de mil americanos e pensamos que é um mercado que nos próximos anos poderá crescer e no qual queremos apostar para os próximos anos. Acho que a sustentabilidade do festival vai passar muito pelo crescimento internacional do Primavera Sound Porto”, referiu.
Para Alfonso Lanza, diretor do Primavera Sound Barcelona, a edição deste ano traz “o cartaz mais ambicioso” do festival na cidade do Porto. “É um cartaz muito transversal”, referiu, sublinhando a paridade no cartaz — uma missão que a organização procura desde 2019 — e o facto de o festival ser independente e não pertencer a um grande grupo de entretenimento.
“O Primavera Sound está presente em sete cidades do mundo, em seis países e três continentes, mas temos muito presente qual foi a primeira cidade no mundo que apostou no Primavera Sound há 10 anos: o Porto”, frisou ainda.
Autarquia vai propor aumento de apoio
Presente na apresentação desta terça-feira esteve também Rui Moreira, presidente da Câmara Municipal do Porto. “Estamos ansiosos para que tudo corra bem”, assumiu o autarca, anunciando ainda que a Câmara vai propor ao executivo municipal o reforço do apoio a este festival, passando dos 200 mil para 650 mil euros de investimento.
“O impacto do festival na economia da cidade é seguramente mais de três vezes aquilo que é o orçamento do festival”, assegurou Rui Moreira, sublinhando também a importância da preservação do Parque da Cidade, que agora está melhor preparado para acomodar o crescimento do próprio público do Primavera. “O Parque da Cidade é uma joia que temos e que temos que adequar a usos que com ele sejam compatíveis”.
Nesta edição, a NOS deixou de ser naming sponsor do Primavera Sound. A organização ainda está no processo de arranjar investidores privados para os 13 milhões de euros que o festival deverá custar este ano, algo que José Barreiro garante estar a ser trabalhado, com o objetivo de ter novidades em breve.
Rui Moreira aproveitou para deixar uma crítica: “Não deixa de ser curioso — e é talvez por causa da concentração das agências publicitárias em Lisboa e não necessariamente por algum centralismo — que verificamos que no Sul os festivais conseguem concentrar os apoios das marcas e um festival como este tem uma enorme dificuldade. Chamo à atenção à indústria nortenha que trabalha com essas agências que, de vez em quando, é preciso explicar que alguns dos consumidores dos seus produtos também vivem cá”, referiu o autarca.