Um grupo consultivo da Agência Espacial Europeia (ESA) sugere, num relatório divulgado, o envio de astronautas europeus para a superfície da Lua dentro de 10 anos.

No relatório “Revolução do Espaço – Missão da Europa para a Exploração Espacial”, o grupo de 12 peritos, incluindo o ex-secretário-geral da NATO Anders Fogh Rasmussen, apela à ESA para que, no quadro da preparação da cimeira do espaço de 6 de novembro, em Sevilha, Espanha, considere “o cenário” de uma missão humana europeia “independente e sustentável” na superfície da Lua em 2033.

Apenas os Estados Unidos estiveram na Lua, entre 1969 e 1972, e tencionam regressar à sua superfície em 2025. A ESA participa na conceção de um módulo da nova nave que há de levar os astronautas até à órbita lunar e coopera na construção da futura estação orbital lunar, a Gateway.

O Grupo Consultivo de Alto Nível da ESA sobre Exploração Espacial Humana e Robótica para a Europa, do qual também faz parte a diretora-geral da agência espacial sueca, Anna Rathsman, recomenda a autonomia europeia na exploração da órbita da Terra e da Lua (e para lá destas) com “capacidades humanas e robóticas”.

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Para que a Europa consiga uma “presença sustentada” na superfície da Lua e uma “presença independente” na órbita terrestre e lunar, os peritos defendem uma estação comercial na órbita da Terra e capacidades de transporte de carga e tripulação, apontando como crucial o aumento do investimento dos Estados-membros da ESA.

O relatório, apresentado no Conselho da ESA, em Paris, França, salienta que nos últimos 30 anos a Europa “decidiu não investir na liderança e autonomia na exploração espacial humana”, optando por colaborar com os Estados Unidos e com a Rússia (esta última até à invasão da Ucrânia em 2022).

Segundo o documento, a Europa está a perder terreno para os Estados Unidos e a China, que “iniciaram uma nova corrida espacial global”, com o envolvimento de empresas em programas governamentais, tendo como “objetivo claro” liderar “segmentos como os lançadores e a internet de banda larga a partir do espaço”.

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Para o grupo de especialistas, os países que não garantam “o acesso independente ao espaço e o seu uso autónomo” tornar-se-ão “estrategicamente dependentes e economicamente privados de uma parte importante de uma cadeia de valor” estimada em um bilião de euros até 2040 (as estimativas atuais da economia espacial global rondam entre os 350 mil milhões e os 450 mil milhões de euros anuais).

Os peritos consideram que a Europa deve “fazer parte das oportunidades de mercado futuras” e captar um terço do valor previsto para a economia espacial mundial em 2040, recomendando o aumento significativo de investimento público para “estimular o financiamento privado”, de forma a garantir a proteção dos seus “interesses geoestratégicos no espaço”.

O relatório recomenda, ainda, que a Europa deve “estender a sua liderança a aplicações espaciais e à ciência da exploração do espaço, tendo a sustentabilidade como fator diferenciador”.

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De acordo com os peritos, a Europa tem-se destacado, sobretudo, na monitorização meteorológica e climática e em sistemas de telecomunicações e navegação.

O Conselho da ESA, órgão dirigente da ESA onde cada Estado-membro, incluindo Portugal, tem assento, decidiu criar um grupo de trabalho para analisar as recomendações do relatório do Grupo Consultivo de Alto Nível sobre Exploração Espacial Humana e Robótica para a Europa e preparar a cimeira espacial de novembro em Sevilha.

Portugal é membro da ESA desde novembro de 2000.