Jacques Rodrigues, dono do grupo Impala, responsável por revistas como a “Maria” ou a “Nova Gente”, e o seu filho (Jacques Gil Rodrigues) foram detidos pela Polícia Judiciária (PJ), avançam a CNN Portugal e a revista Visão.
No âmbito da Operação “Última Edição”, foram igualmente detidos Natalino Vasconcelos, o advogado de Jacques Rodrigues, e José Rito, revisor oficial de contas das várias sociedades do Grupo Impala. Além destes quatro detidos, há mais 10 arguidos constituídos nos autos que se iniciaram em 2021 com várias queixas de trabalhadores.
Há suspeitas de crimes de burla qualificada, corrupção passiva, corrupção ativa, insolvência dolosa agravada, falsificação e contrafação de documentos, segundo comunicado oficial da PJ. A investigação partiu de uma queixa-crime apresentada por ex-trabalhadores da Impala e é titulada pelo DIAP de Sintra.
No centro da investigação estão suspeitas de manipulação da contabilidade de um conjunto de 13 empresas do Grupo Impala, nas quais se inclui a holding e as várias subsidiárias que detinham os títulos explorados por Rodrigues. O objetivo de alegada fraude imputada a Jacques Rodrigues seria evitar pagar créditos a trabalhadores, fornecedores e ao próprio Estado avaliados em cerca de 100 milhões de euros.
Suspeitas de corrupção de agentes de execução para evitar execução de dívidas
Ao que o Observador apurou, há igualmente suspeitas de corrupção ativa imputadas a Jacques Rodrigues e ao advogado Natalino Vasconcelos. Os suspeitos de corrupção passiva são agentes dos diversos processos de insolvência e de vários Processo Especial de Revitalização (PER) a que as empresas do Grupo Impala aderiram. Estão em causa diversas operações de execução de bens que não terão sido feitas quando existiam condições legais para as mesmas serem concretizadas.
A Visão refere que o grupo terá dívidas de 38 milhões de euros só aos trabalhadores. Ao que o Observador apurou, o segundo grande grupo de credores reconhecidos são fornecedores, sendo que o Estado apenas terá reclamado cerca de 3 milhões de euros.
Decorreram buscas na sede do grupo Impala, em Ranholas, Sintra, sendo que as mesmas estão a ser acompanhadas pelo presidente do Sindicato dos Jornalistas, Luís Filipe Simões, avança a Visão. A lei exige que buscas judiciais a empresas de comunicação social sejam acompanhadas por um representante do Sindicato de Jornalistas.
Em comunicado, a PJ indica a Operação “Última Edição” visou “a execução de 32 mandados de busca, designadamente oito buscas domiciliárias e 24 buscas não domiciliárias”.
Os detidos serão presentes ao Tribunal de Instrução Criminal de Sintra, “para realização do primeiro interrogatório judicial de arguidos detidos, visando a aplicação de medidas de coação tidas por adequadas”, indica a PJ.