“Nunca me passou pela cabeça ser treinador. O Paulo Bento foi tirar o curso e, para não ir sozinho, pediu-me para ir com ele. Respondi que não me interessava, que não queria, mas acabei por ceder e fui tirar o curso de 2.º nível. Depois terminei a carreira de jogador, fui convidado para treinar os juniores do Belenenses, aceitei com pouca convicção e… apaixonei-me pelo treino. Sem ter referências? Sem ter referências. Sempre tive a curiosidade como característica, razão pela qual gostava de questionar os meus treinadores – para que servia determinado exercício, qual a sua utilidade, que objetivos servia… Mas viver como futebolista a pensar apetrechar-me como treinador nunca aconteceu”, explicava Rui Jorge ao Record esta segunda-feira, dia em que completou 50 anos e mais uma vez estando concentrado com os jogadores na Seleção Nacional.

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Há mais de uma década no comando da equipa Sub-21 de Portugal, o técnico foi recebendo vários convites ao longo do tempo mas não prescindiu de uma formação que conseguiu montar à imagem da forma como olha para o futebol: a ter prazer pelo jogo, a gostar de jogar com bola, a dar nota artística ao que faz em termos práticos. Foi assim que a Seleção voltou a finais europeias da categoria, com derrotas frente à Suécia em 2015 (0-0 e 4-3 nas grandes penalidades) e à Alemanha em 2021 (1-0). Agora, há esperança que à terceira seja de vez e que venha mesmo o título. Até lá, o foco passava pelo aproveitamento de todos os momentos de trabalho, incluindo não só treinos mas também jogos de preparação. Assim, e depois da vitória por 2-0 na Roménia, Portugal defrontava na Póvoa de Varzim a Noruega, no segundo particular de março.

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“Do ponto de vista defensivo teremos de ser muito mais pacientes porque teremos menos posse, relativamente ao jogo frente à Roménia. Essa condicionante, para equipas como a de Portugal, que gosta de ter a bola, causa algum desconforto, pelo que temos de estar preparados para uma Noruega com capacidade para nos esconder a posse. No que diz respeito à ofensiva compete-nos fazer o habitual, que é procurar os espaços e proporcionar desequilíbrios para conseguirmos criar situações de perigo na defesa adversária”, destacara na antecâmara do jogo Rui Jorge, que aproveitou também para recusar qualquer tipo de ideia de deslumbramento por Portugal ocupar o segundo lugar do ranking e ser apontado como um dos possíveis favoritos no próximo Europeu da categoria, que se vai realizar na Geórgia e na Roménia entre junho e julho.

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Mais uma vez, entre várias alterações ao intervalo e momentos em que de facto não houve tanta bola como na Roménia, Portugal voltou a jogar bem, a ganhar e a mostrar que entre as muitas individualidades que se conseguem destacar tem sobretudo um coletivo forte onde quem entra sabe o que fazer e como fazer. Essa é a melhor prenda possível para Rui Jorge, em mais uma equipa que se destaca pela qualidade com que joga (mesmo quando não consegue manter a posse ou dominar como gosta) e que promete ter também as suas ambições na próxima fase final do Campeonato da Europa assim consiga manter a sua identidade.

Rui Jorge tinha razão na capacidade que o conjunto escandinavo teria para criar mais problemas no plano defensivo, com outro jogo a nível de transições, mas Portugal foi tentando responder a isso com o habitual futebol muito técnico e a explorar alternativas ao ataque em apoio como um lançamento longo de Penetra a encontrar Pedro Neto na profundidade para um remate final de Henrique Araújo desviado num defesa (3′) ou a bola parada, como um livre de Fábio Vieira que parou nas mãos do guarda-redes Kristoffer Klaesson (11′). No entanto, não estava fácil desbloquear um encontro que só teve o primeiro golo de meia distância, com Fábio Vieira a fazer passar a bola muito da trave ainda tocada por um norueguês (33′) e Afonso Sousa a marcar o 1-0 numa segunda bola de fora da área após canto que terminou com um míssil ao ângulo (34′).

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No segundo tempo, Rui Jorge voltou a trocar todos os jogadores menos o guarda-redes e os centrais (Tomás Araújo e Penetra) lançando Pedro Malheiro, Nuno Tavares, André Almeida, Vasco Sousa, Samuel Costa, Francisco Conceição, David Costa e Vitinha nos lugares de Tomas Esteves, Leonardo Lelo, Tiago Dantas, Afonso Sousa, Dani Silva, Fábio Vieira, Henrique Araújo e Pedro Neto. Os minutos iniciais não foram os melhores, à semelhança do que acontecera na Roménia, mas quando a equipa voltou a agarrar no encontro conseguiu ser superior, chegando ao 2-0 na sequência de um cruzamento largo de Vasco Sousa que Samu Costa conseguiu ainda desviar para Vitinha fazer o toque final (66′). Até ao fim o jogo não foi tão intenso mas André Almeida, com um grande remate de fora da área, fixou o 3-0 em cima do minuto 90.