A Capgemini Engineering de Gaia, que lidera a agenda Route25 do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), quer demonstrar que “é possível ter “software” português” a colocar um carro autónomo a funcionar, disseram à Lusa os responsáveis do projeto.
“Nós queremos demonstrar que é possível ter ‘software’ português que permita ter um carro autónomo a funcionar”, disse à Lusa Bruno Coelho, responsável pela Tecnologia e Inovação da Capgemini Engineering, ladeado por Maria da Luz Penedos, responsável da empresa em Portugal.
A submarca da Capgemini está instalada em Vila Nova de Gaia (distrito do Porto) e emprega atualmente 400 pessoas, tendo montado no concelho o Mobility Lab desde julho de 2022.
Maria da Luz Penedos referiu que a escolha de Gaia por parte da Capgemini Engineering “prendeu-se precisamente com o contexto económico do Norte de Portugal”, apontando também à dinâmica da indústria automóvel e à ligação “com as universidades e politécnicos da região”.
Assim, a empresa decidiu que “a área de condução autónoma, com a componente de conectividade e cibersegurança, deveria ser um projeto” no qual a empresa investisse, surgindo assim o consórcio Route25, que engloba 28 co-promotores e conta com um investimento de cerca de 50 milhões de euros no âmbito das agendas mobilizadoras do PRR.
Segundo a responsável, o objetivo é “colocar Portugal no centro da Europa como sendo um país onde se faz inovação e muito associado à condução autónoma”.
A agenda Route25 propõe-se a desenvolver “funções do carro a conduzir com ‘platooning’, por exemplo, ao saber a distância a que está do carro da frente e do carro de trás”, bem como “o carro conseguir, se houver algum problema nos sensores, ir para uma manobra de segurança”, explica Bruno Coelho.
“Neste consórcio vai haver equipamento urbano [como postes de eletricidade] que vai estar com capacidades para se ligar ao carro” e vice-versa, acrescenta, que disse também à Lusa que haverá testes piloto com carros reais nos concelhos de Aveiro, Ílhavo (distrito de Aveiro), Porto e Fundão (distrito de Castelo Branco).
Outro dos objetivos é disponibilizar às cidades um serviço para se “conseguir saber onde é que estão os carros”, bem como articular com a Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) questões legislativas.
Nas instalações da Capgemini Engineering no Cais de Gaia, a empresa conta já com um veículo ligeiro com sensores capazes de fazer uma leitura 3D do espaço em volta e também com um pequeno protótipo denominado ‘Shorty’, usado para experimentar as soluções ali engenhadas.
“Nós temos um carro em miniatura que vai ter uma emulação tanto do “hardware” como vai ter o “software”, mas permite fazer esses testes antes de irmos para a estrada, e assim poupa-se tempo e dinheiro”, estimando Bruno Coelho que esta solução permita “acelerar o ciclo de desenvolvimento brutalmente”, em cerca de 75%.
Há também um espaço para testes de internet 5G, de soluções que envolvam todo o ‘software’ interno dos automóveis, e uma sala para pequenos drones que simulam uma assistência na estrada em caso de acidentes ou imprevistos na condução autónoma.
Segundo Maria da Luz Penedos, o objetivo da empresa é contratar 700 pessoas até 2025 para servir clientes como a Renault, BMW, Volkswagen, Stellantis ou Panasonic, em geografias como França, Alemanha, Suécia ou Estados Unidos.