Primeiro, a ausência confirmada de Marc Márquez após ter sido operado a uma fratura no polegar. Depois, a ausência também confirmada de Miguel Oliveira por ter lesões tendinosas dos rotadores externos da perna direita que impedem de caminhar, montar a moto e inclinar nas curvas. A seguir ainda veio a confirmação de que a sanção ao espanhol teria de ser cumprida no primeiro Grande Prémio que participasse e não apenas na segunda corrida do Mundial mas a prova da Argentina iria ficar marcada pelas baixas dos dois pilotos na sequência do acidente no Algarve, quando o espanhol abalroou o português numa tentativa de ultrapassagem mal medida ainda na segunda volta. Mais do que isso, ainda é desse momento que se fala.
“Chegamos à Argentina com sensação de raiva e frustração com a notícia de que o Miguel [Oliveira] não está apto para competir na segunda competição [da temporada de 2023]. Era algo que, de certa forma, já esperávamos, porque o incidente foi grave e tínhamos algumas reservas quanto à sua disponibilidade para esta semana”, assumiu Razlan Razali, chefe da RNF Aprilia, em declarações ao site oficial da equipa.
Miguel Oliveira vai falhar o GP da Argentina por lesões provocadas na queda em Portimão
“No entanto, vamos focar-nos no Raúl [Fernández], que também teve alguns problemas no ombro, que o levaram a ter alguma dormência no lado direito do corpo. Não foi um início de ano fantástico, foi muito frustrante. Reforço a necessidade dos comissários da FIM [Federação Internacional de Motociclismo] tomarem medidas mais duras perante conduções imprudentes. Mas teremos de continuar, trabalhar arduamente e tentar obter um resultado positivo neste fim de semana”, acrescentou ainda Razali.
“O objetivo é chegar à Argentina o melhor possível, sem nenhuma lesão incapacitante. Não havendo lesão, temos de arranjar a melhor forma de gerir a dor. Como? Tratamento anti-inflamatório, apenas”, tinha comentado o piloto português ainda no domingo, ao confirmar nos primeiros exames feitos que não existia qualquer fratura após o acidente com Marc Márquez. No entanto, novos exames acabaram por revelar lesões incapacitantes para a segunda prova da temporada, devendo assim regressar em Austin, a meio de abril.
“Para mim, têm que banir o Marc Márquez pelo menos por uma corrida mas não sou eu que faço as regras e, no fim de contas, só espero que o [Miguel] Oliveira esteja bem. Com a velocidade com que ele foi atingido, poderia facilmente ter destruído o joelho. Sei bem isso, porque o Bradley Smith bateu-me assim em Barcelona e fraturou-me o joelho. Senti muita dor durante um ano. Temos um milhão de câmaras. Continuo a dizer à Dorna que não quero mais câmaras na moto por causa do peso – agora são três ou quatro. Por que não olham para essas fotos e as analisam? Não é tão difícil, somos 20 pilotos e não 100″, tinha comentado também Aleix Espargaró, espanhol da equipa de fábrica da Aprilia que terminou o Grande Prémio de Portugal na nona posição, atrás do companheiro Maverick Viñales que chegou ao pódio no segundo lugar.
Também o CEO da Ducati, Claudio Domenicali, criticou a atitude em pista de Marc Márquez entre os elogios à prestação da Ducati no Algarve que terminou com as vitórias de Pecco Bagnaia na corrida sprint e depois na corrida principal. “Foi o começo perfeito para o Pecco. Um pouco de sabor amargo por causa do Enea [Bastianini] e também pelo Jorge Martín, pois ambos, não vou dizer que tiveram azar, mas foram prejudicados por outros pilotos. O Luca Marini fez o Enea cair e teve a culpa. Nem sequer foi sancionado. Para mim isso não é justo, porque quando um piloto lesiona outro tem de ser penalizado. O Marc Márquez foi um desastre. Arruinou de forma dramática a corrida do Miguel [Oliveira], que era o herói da casa. Todos os adeptos estavam lá por ele. Eles estavam, de facto, muito barulhentos”, comentou à Marca.