O CEO da VW, Thomas Schäfer, confirmou à revista alemã Automobilwoche o desinvestimento da marca que dirige nos motores de combustão interna (ICE) e isso passa por Portugal, pois a segunda geração do T-Roc, o SUV do segmento C que é fabricado desde 2017 na Autoeuropa, em Palmela, será o último novo lançamento da VW no Velho Continente a montar mecânicas alimentadas por combustíveis fósseis, que estão condenadas a desaparecer até 2035.

O T-Roc será o último novo modelo com motor a combustão na Europa que veremos. É claro que outros modelos vão ser alvo de grandes actualizações. Mas, por enquanto, não estão nos planos veículos totalmente novos (com mecânicas a combustão) depois disso”, avançou Schäfer.

O C-SUV que se posiciona entre o T-Cross e o Tiguan é um dos modelos mais vendidos da marca alemã, o que explica o facto de já ter ultrapassado o milhão de unidades produzidas na Autoeuropa, desde o seu lançamento. Depois de ter sido o modelo mais vendido da Volkswagen em 2022 na Europa, superando o Golf (que acusou uma queda de 14% na procura, com 177.203 unidades registadas, contra 181.153 do T-Roc – dados da JATO), o SUV fabricado em Portugal tem nova geração prevista para 2025. De momento, o T-Roc é comercializado com motores a gasolina (110, 150 ou 300 cv) e a gasóleo (2.0 TDI de 115 ou 150 cv) e foi alvo de um ligeiro restyling, que passou inclusivamente pela introdução de uma versão especial para Portugal, o T-Roc@PT.

VW T-Roc renova-se e fica ainda mais “português”

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Mas, como habitualmente acontece, esta não foi a única revelação de Thomas Schäfer. O engenheiro alemão confirmou que a nova geração do Tiguan será apresentada este ano, tal como vai acontecer com o Passat, que passará a limitar-se à carrinha Variant. Significa isto que estes três modelos são, segundo o próprio CEO da VW, o trio com que o fabricante de Wolfsburg diz “adeus” aos novos lançamentos com motores térmicos. Não deixa de ser curioso notar que, embora esteja na forja a nova geração do Tiguan, o construtor já assumiu que planeia “transportar” esta designação para a era eléctrica, propondo um Tiguan a bateria que vai conviver com as versões a combustão. O eléctrico ID. Tiguan deverá começar a ser produzido em 2026.

VW anuncia que o Tiguan também vai passar a 100% eléctrico

Quanto ao Golf, outra denominação que continuará “viva” por conta da família ID, só passará a eléctrico depois de 2028, dado que a marca tenciona associar o nome deste seu modelo icónico à nova arquitectura Scalable Systems Platform (SSP). Ou seja, recorrer à versão melhorada da plataforma MEB está fora de questão.

O homem-forte da VW descarta igualmente uma 9.ª geração do Golf ICE e adianta que o compacto vai ser alvo de um facelift, para resistir até ao final da década. Já o futuro do Polo parece periclitante e a “culpa” é das novas exigências estipuladas pela norma Euro 7, que obrigam à electrificação das mecânicas, para garantir que cumprem limites mais apertados de emissões. Essa hibridização acarreta custos e, realça Schäfer, é preciso ponderar até que ponto o investimento faz sentido. Sobretudo numa fase em que está prometido (para 2025) o ID.2ALL, um eléctrico por menos de 25.000€.