Ceuta e Melilla são dois enclaves que Espanha mantém no norte de África e que são rodeados por Marrocos. Ponto nevrálgico nas relações entre Madrid e Rabat, o presidente de Senado marroquino, Enaam Mayar, afirmou este domingo que as duas cidades podem, no futuro, integrar o território marroquino sem que seja necessário “recorrer a armas”. Mas o governo espanhol já veio colocar de parte esse cenário.
Para o presidente do Senado do país africano, Ceuta e Melilla são territórios “ocupados”, falando num cenário de “colonização espanhola contínua” nas duas localidades. Assim, Enaam Mayar considera que Marrocos nunca “cessou nem cessará de falar de colonização das duas cidades e das possíveis soluções para recuperá-las”.
Tendo em conta a abordagem marroquina, o presidente do Senado considera que Marrocos poderá voltará a recuperar Ceuta e Melilla “através do diálogo”, e não com o “recurso a armas”. Em vez disso, a comunidade do país africano deve mobilizar-se e “influenciar a política exterior” do “país amigo”, que é Espanha.
Para Enaam Mayar, a comunidade de 800 mil marroquinos que vivem em Espanha deve fazer lobby que “ajude a defender todas as questões relacionadas com a pátria”, isto é, Marrocos. Como exemplo, o responsável político considera que a comunidade deve integrar-se “nos partidos políticos” e participar “em eleições em Espanha”.
Do lado de Madrid, este cenário foi completamente rejeitado. Numa entrevista ao canal de televisão Cuatro, a ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, disse que “Ceuta e Melilla são tão espanholas como Zamora ou Palencia”. “Eu estive recentemente em Ceuta e Melilla. Senti-me de Ceuta, senti-me de Melilla, porque sinto-me espanhola”, afirmou.
“Não há possibilidade de debate nesta matéria”, afastou Margarita Robles, garantindo que os dois territórios são parte de Espanha. “Ponto final.”