O jornal espanhol Publico suspendeu a coluna de opinião que o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos tinha neste meio de comunicação por causa das denúncias de assédio e violência sexual conhecidas nos últimos dias.

“Depois de conhecer estas denúncias, o Publico suspendeu a colaboração que mantinha com Sousa Santos até se concluir a investigação da universidade [de Coimbra]”, escreveu o jornal digital, um dos meios de comunicação social de âmbito nacional de Espanha.

Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins suspensos de todos os cargos no Centro de Estudos Sociais

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Num texto publicado no sábado com o título “Várias mulheres acusam o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos de assédio sexual durante quase uma década”, o jornal noticia as denúncias conhecidas nos últimos dias, informa que a Universidade de Coimbra suspendeu o professor das suas funções e que o Publico decidiu suspender também a coluna de opinião “Espelhos estranhos”, da autoria do investigador.

Na semana passada, foram tornadas públicas acusações de assédio sexual de três ex-investigadoras do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra a dois professores, Boaventura de Sousa Santos e Bruno Sena Martins, que as negaram.

As três investigadoras que passaram pelo CES denunciaram situações de assédio e violência sexual por estes dois membros do centro de estudos, num capítulo do livro “Má conduta sexual na Academia – Para uma Ética de Cuidado na Universidade”, publicado pela editora internacional Routledge.

Após a publicação deste livro, outras mulheres acusaram também Boaventura de Sousa Santos de assédio e violência sexual.

O Professor-Estrela, o Aprendiz, a Vigilante. Como três investigadoras relatam os assédios que terão Boaventura Sousa Santos como peça-chave

Num comunicado divulgado na sexta-feira, Boaventura de Sousa Santos disse que decidiu afastar-se das atividades do CES, para que “a instituição possa fazer, com toda a independência que é necessária, as averiguações das informações apresentadas e dar consequência ao processo de apuração interna” através de uma comissão independente.

Também o próprio CES informou na sexta-feira que os investigadores estão “suspensos de todos os cargos que ocupavam” na instituição até ao apuramento das conclusões da comissão independente que vai averiguar as acusações.

Boaventura de Sousa Santos é diretor emérito do CES e coordenador científico do Observatório Permanente da Justiça Portuguesa daquela instituição, fazendo também parte da comissão permanente do conselho científico do centro de estudos.

Já Bruno Sena Martins, formado em Antropologia, é, de acordo com o ‘site’ do CES, co-coordenador do programa de doutoramento Direitos Humanos nas Sociedades Contemporâneas e docente no programa de doutoramento Pós-Colonialismos e Cidadania Global, tendo sido vice-presidente do conselho científico entre 2017 e 2019.