A Nigéria, o país com mais casos malária e mortes no mundo, tornou-se a segunda nação a aprovar o uso de uma vacina contra a doença desenvolvida pela Universidade de Oxford, Reino Unido, anunciou a agência reguladora nigeriana.
“A Nigéria tem o maior fardo [de malária] do mundo e os comités concordaram que a utilização de uma vacina eficaz é necessária como resposta adicional”, disse Christy Obiazikwor, porta-voz da Agência Nacional para a Administração e Controlo de Alimentos e Medicamentos da Nigéria (NAFDAC).
A responsável indicou que um comité externo à NAFDAC e um grupo de peritos desta instituição reviram exaustivamente a vacina da Universidade de Oxford, antes de a aprovarem.
Os peritos constataram que a vacina, conhecida como R21/Matrix-M e fabricada pelo Instituto Soro da Índia, satisfazia os critérios de segurança e eficácia da Nigéria, acrescentou Obiazikwor.
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É também a primeira a exceder o objetivo da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 75% de eficácia. No entanto, a NAFDAC ainda não indicou quando é que estas vacinas estarão disponíveis na Nigéria, pois, pelo menos inicialmente, o país dependerá da doação de milhares de doses, antes de poder começar a comprá-las.
Apenas o Gana e agora a Nigéria, com mais de 213 milhões de pessoas, deram luz verde para a utilização da vacina. O Gana aprovou a sua utilização em crianças dos 05 aos 36 meses, o grupo etário em maior risco de morrer de malária, em meados deste mês.
É uma vacina de baixa dose que pode ser fabricada em grande escala e a um custo modesto, permitindo o fornecimento de centenas de milhões de doses aos países africanos que mais sofrem de malária.
A R21/Matrix-M foi submetida a ensaios clínicos no Reino Unido, Tailândia e vários países africanos, incluindo um ensaio em curso da fase III no Burkina Faso, Quénia, Mali e Tanzânia, envolvendo 4.800 crianças.
Os resultados destes ensaios deverão ser publicados no final deste ano.
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Em 2021, a vacina RTS,S – produzida pelo gigante farmacêutico britânico GSK – tornou-se a primeira vacina contra a malária recomendada para utilização generalizada pela OMS, embora a investigação tenha mostrado que a eficácia desse produto foi de cerca de 60% e diminuiu significativamente ao longo do tempo.
A doença matou 619 mil pessoas em 2021, com 96% dessas mortes registadas em África, de acordo com a OMS.
A Nigéria é o país mais atingido pela malária a nível mundial, sendo responsável por até 27% das infeções globais e 32% das mortes por esta doença nesse ano.