O presidente da Câmara Municipal do Porto apontou esta terça-feira à Lusa a necessidade de um alinhamento estratégico e a criação de uma espécie de lobby conjunto entre Portugal e Espanha, nomeadamente em questões europeias.
“Tenho andado já há algum tempo a falar sobre uma questão que me parece relevante que é a necessidade de um alinhamento estratégico de Portugal e Espanha, nomeadamente em questões europeias”, afirmou o independente Rui Moreira, antecipando a discussão que vai levar na quarta-feira ao jantar do Fórum dos Portugueses de Madrid, em Espanha.
Considerando que é fundamental uma aproximação mais efetiva entre estes dois países, o autarca recordou que tem vindo a defender a criação de um “Iberolux”, uma espécie de “Benelux” que junta Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo em estratégias articuladas relativamente a políticas europeias, mas adaptado ao espaço ibérico.
“Nós partilhamos uma posição geoestratégica, estamos numa península, e já percebemos que é de todo o interesse que Portugal e Espanha articulem estratégias”, referiu.
Acrescentando que Portugal e Espanha têm de fazer um lobby conjunto em matérias europeias.
Rui Moreira entendeu que as estratégias devem ser mais interligadas, nomeadamente em matéria de infraestruturas, ligações ferroviárias e aéreas e estratégias na América do Sul e em África.
“Era impensável que Portugal agora fizesse uma ligação ferroviária até Valença e, do outro lado da fronteira, não se fizesse nada”, exemplificou.
Já em matéria de ligação aérea, o independente assumiu que é inevitável falar na TAP e no seu futuro, dado que a companhia espanhola Ibéria já manifestou interesse na transportadora portuguesa.
Também no que diz respeito à estratégia destes países na América do Sul e em África, nomeadamente na complementaridade em termos de exportações, é fundamental uma colaboração mais ativa, observou.
Apesar de estes países terem dois idiomas muito parecidos, Moreira lamentou ainda que na área da comunicação social haja “tão pouco intercâmbio” que é uma via para os países se conhecerem melhor.
“É pena que, por exemplo, na área da comunicação social haja tão pouco intercâmbio, os espanhóis leem muitos jornais, nós [portugueses] vemos muita televisão, mas parece-me haver também aqui um caminho para nos conhecermos melhor porque somos vizinhos e como vizinhos devíamos conhecer-nos melhor”, frisou.
No que diz respeito à população, o autarca portuense ressalvou que os dois povos têm uma relação que não tinham há 40 anos porque os espanhóis vêm a Portugal como se fosse uma província espanhola, tal como os portugueses vão a Espanha com facilidade.
“Nesta matéria parece-me que estamos integrados, mas em termos culturais continuamos a ter um grande défice no relacionamento. Por exemplo, nós conhecemos mal a música ligeira deles e eles conhecem mal a nossa. E se formos para a cultura mais erudita pior ainda”, comentou.
De acordo com o independente, Espanha tem, contudo, uma vantagem competitiva face a Portugal que é estar organizada em regiões.
Quando acontecem as cimeiras ibéricas, quem participa do lado espanhol são os presidentes do governo e das regiões, já do lado português o único participante é o governo sendo que Lisboa é “seguramente” a cidade portuguesa mais afastada da fronteira com Espanha, ressalvou.
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