Não era propriamente uma novidade, acabou até por surgir mais tarde do que era esperado, faltava conhecer os contornos do que iria estar em discussão: a Sporting SAD vai reunir em Assembleia Geral da sociedade no dia 16 de maio, no Auditório Artur Agostinho, tendo como único ponto da ordem de trabalhos “apreciar e aprovar as alterações na remuneração fixa a introduzir na Política de Remuneração dos titulares dos órgãos sociais da Sociedade propostas pela Comissão de Acionistas, para vigorarem a partir do exercício de 2023/24″. Em resumo, mais 32% para o presidente da SAD e 45% para os administradores executivos.

“Há três razões fundamentais para isso [marcar uma nova Assembleia Geral para votar o tema]. Primeiro já passaram quatro anos desde que foi elaborada a primeira proposta de política de remunerações. Entretanto, tem de ser atualizada à luz das muitas voltas que o mundo deu. A segunda tem a ver com o facto de ter recebido um relatório atual sobre entidades de um universo semelhante ao Sporting e esse estudo diferir daquele em que nos baseamos há quatro anos. A terceira é porque sentimos que há um desfasamento grande entre as remunerações efetivas dos titulares dos órgãos sociais da Sporting SAD e dos titulares dos órgãos sociais de outras SAD que são relevantes para efeitos de comparação”, tinha explicado Bernardo Ayala, presidente da Mesa da Assembleia Geral da sociedade, no final da última reunião magna em setembro.

“De forma a preparar e fundamentar a presente proposta, a Sociedade adquiriu um projeto de avaliação de funções e benchmark salarial à Korn Ferry, focado em executivos, que revela um claro desajuste, por defeito, em face do mercado. A remuneração do presidente do Conselho de Administração está 11,4% abaixo da mediana de mercado. A remuneração do vice-presidente responsável pelo pelouro Financeiro está alinhada com o Q1 (apenas 25% das empresas paga abaixo 129.845 euros/ano a funções igualmente posicionadas). A remuneração do vice-presidente responsável pelo pelouro de Estratégia está alinhada com a mediana de mercado”, começa por explicar o documento enviado à CMVM esta sexta-feira. “Além da competitividade externa, outros argumentos sustentam a nossa proposta: equidade interna, exposição com risco e acumulação de pelouros”, prossegue a explicação, detalhando cada um desses três pontos.

“Na presente época (22/23) foi redesenhada a política retributiva do Grupo Sporting, tendo a banda salarial mais elevada e aplicada às funções de Direção um máximo de 161.000 euros/ano, ou seja, apenas 11,2% abaixo do limite da remuneração base do Presidente do Conselho de Administração e 24,4% acima da dos vice-presidentes do Conselho de Administração. É ainda importante referir que, dada a especificidade da indústria, o Diretor Desportivo tem uma remuneração base 54,7% acima do máximo da respetiva banda e 37,4% acima do limite da remuneração base do presidente do Conselho de Administração”, diz. “A indústria do Futebol acarreta exposição mediática, desgaste da imagem pessoal e até risco para a integridade física, nomeadamente em certas deslocações. Estas exposição e risco evidenciam penosidade e incidem particularmente sobre o Presidente do Conselho de Administração, não obstante também terem impacto nos restantes membros do Conselho de Administração”, acrescenta ainda a esse propósito.

“A Comissão de Acionistas propõe que o limite da remuneração fixa dos membros executivos do Conselho de Administração tenha um aumento e se estabeleça em linha com o Q3 dos valores de mercado para cada uma das funções”, defende. Para o presidente do Conselho de Administração, neste caso Frederico Varandas, é proposto um valor de remuneração de 182.000 para 240.000 euros por ano, um aumento de 32% a nível de salário fixo, ao passo que os vice-presidentes passariam de 131.000 para até 190.000, o que pode representar uma subida até 45%. Há ainda um outro ponto a ser alterado: os administradores não executivos, que até aqui não tinham qualquer remuneração fixa mas que agora ficam com “um vencimento em linha com a do presidente do Conselho Fiscal da sociedade” de 7.000 euros. Também os membros desse mesmo Conselho Fiscal e da Mesa da Assembleia Geral passarão a ter remunerações entre 1.000 e 6.000 euros.

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