Marcelo Rebelo de Sousa deixou, esta sexta-feira, um apelo aos responsáveis políticos: tudo deve ser feito para evitar que haja “instabilidade” — e, a haver “más notícias” (leia-se eleições antecipadas), que diz “dispensar”, o ideal é que aconteçam o mais perto possível da data normal das próximas eleições.

O recado foi deixado pelo Presidente da República junto de empresários no encontro da COTEC, em Braga. Em declarações transmitidas pela RTP, Marcelo afirmou que, “em teoria”, deveria haver pactos de regime para que “a todo o momento” fosse possível existir um decisor sombra junto de cada decisor político, no caso de este ser substituído.

E, num momento em que o fantasma da dissolução da Assembleia da República paira no ar — e com Marcelo a apontar para o próximo ano como o ano (de eleições europeias) em que o Governo deve ser avaliado –, deixou avisos contra mudanças bruscas: “Sabemos que isso não acontece em Portugal: não há governos sombra e não é uma tradição”.

Dirigindo-se aos empresários, Marcelo concretizou: “Tudo o que os interessados, que são os responsáveis políticos, puderem fazer para facilitar a tarefa dos empresários — não introduzir fatores de instabilidade, imprevisibilidade e insegurança num período tão crucial — nós agradecemos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Dispensamos más notícias”, avisou o Presidente. Marcelo tem defendido que o Governo tem de se concentrar na governação e que o ano de 2023 é particularmente importante, até pela execução dos fundos associados ao plano de Recuperação e Resiliência.

Desta vez, admitiu que “às vezes tem de haver más notícias”, mas deixou mais um alerta ao Governo com uma referência velada à hipótese de haver eleições antecipadas: “O ideal é que não haja, se tiver de haver que seja o mais tarde possível, com o mínimo de custos em termos de instabilidade e o mais próximo possível da transição que em qualquer momento poderia, se fosse a vontade dos portugueses, ocorrer”.

Em declarações citadas pelo Jornal de Notícias, Marcelo diz que assim, se houver “sensatez” dos políticos, os cidadãos agradecem e o Presidente também — “fica dispensado de uma decisão que é sua, só sua e livre”, frisou.

Até porque essa decisão, assim como “qualquer descontinuidade no poder político”, implicaria um constrangimento de “três ou quatro meses” na aplicação dos fundos — o que iria contra todos os avisos que Marcelo tem vindo a fazer.