Ao longo da semana em que o Estoril Open decorreu, onde Casper Ruud acabou por conquistar o ATP 250 nacional, João Sousa era sempre apresentado da mesma forma pela organização: o melhor tenista português de todos os tempos. Uma verdade absoluta, tendo em conta os números que foi registando na última década. Mas também uma verdade cada vez mais longínqua, tendo em conta o difícil período que atravessa desde há uns anos.

Aos 34 anos e afundado no lugar 157 do ranking ATP, depois de já ter estado no top 50, João Sousa continua a acreditar que vale muito mais do que a posição que ocupa — mas não esconde que será o primeiro a decidir terminar a carreira no dia em que sentir que já não tem condições para continuar a competir ao mais alto nível.

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“Se vir que o nível está lá, sim, continuo. Se vir que o meu nível começa a descer, então não, não é? Eu jogo ténis para jogar os grandes torneios, como já fiz. E claro, nesse sentido, estou muito mal habituado por ter jogado nos bons torneios. Jogar mais seis anos e chegar aos 40? Não diria, porque a parte mental também é importante. Mas vamos ver, vamos ver como é que os resultados acompanham. Se os resultados acompanharem, vou-me mantendo. Se não acompanharem, obviamente…”, desabafou o tenista à margem do Oeiras Open, que está a decorrer no Complexo de Ténis do Jamor.

“Há momentos menos bons e há momentos melhores. Felizmente, nos últimos 10 anos estive oito anos dentro do top 100, que é aquilo que eu sempre ambicionei. Demonstrei que não era por acaso que estava no top 100 e até no top 50. Até houve anos em que acabei no top 50. É aí que eu acho que pertenço, independentemente do nível a que estou a jogar ou não. É um nível que consegui alcançar durante muitos anos e isso não é apenas sorte… Como se calhar algumas pessoas podem vir a dizer”, sublinhou João Sousa.

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Mais à frente, o atleta deixou ainda o desejo de estar presente nos próximos Jogos Olímpicos, em Paris, e garantiu que não afasta a possibilidade de conquistar uma medalha. “Vamos ver. Neste momento, para ir aos Jogos Olímpicos tenho de ser número 60 ou 70 do mundo. É um objetivo que tenho em mente, obviamente e porque penso nisso, mas não no sentido de ir procurar recordes. Se for aos Jogos Olímpicos, é para fazer um bom resultado e ir lá para, quem sabe, ganhar uma medalha”, atirou, ele que marcou presença tanto no Rio 2016 como em Tóquio 2020.

A lesão sofrida em 2019 travou a carreira de João Sousa, que até aí tinha conquistado quatro títulos ATP e chegado a ser 28.º no ranking ATP, e o tenista português garante agora que o grande objetivo é voltar ao top 100. “Não costumo falar de números, nunca falei. Mas claro que acabar no top 100 é um objetivo que está na minha cabeça, porque sempre esteve todos os anos. Não é por estar agora onde estou que vai deixar de estar. Há uns anos, se calhar, o meu objetivo era outro: top 30 ou top 50. Mas neste momento tenho de ser realista”, terminou.