O Papa Francisco agradeceu este sábado aos lisboetas pelo trabalho de preparação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o grande evento da juventude católica que se realiza em agosto deste ano na capital portuguesa com a presença do chefe da Igreja Católica.
As declarações foram feitas num curto vídeo filmado no final de uma audiência privada no Vaticano com o presidente da câmara de Lisboa, Carlos Moedas, na manhã deste sábado, quando faltam exatamente 100 dias para a JMJ.
“Quero saudar-vos, lisboetas, que estão a trabalhar tanto para preparar este encontro da juventude. Estou feliz por voltar a Lisboa, a Portugal. Estou feliz com o que estão a fazer”, diz o Papa Francisco, no vídeo que foi filmado a pedido do próprio Papa, com o telemóvel pessoal de Moedas.
Pedindo “perdão” pela confusão que o evento poderá trazer à cidade, Francisco agradeceu aos lisboetas por serem “acolhedores” e por colocarem entusiasmo na “abertura do coração” que representa a organização da JMJ em Lisboa. “Que Deus vos abençoe verdadeiramente e que vos dê forças para continuar. E obrigado por todo este trabalho.”
Em declarações à Rádio Observador após a audiência desta manhã, o autarca da cidade de Lisboa, Carlos Moedas, disse que procurou transmitir ao Papa a “energia” dos lisboetas, que “querem receber, querem ter este momento”.
Carlos Moedas: “O Papa quis gravar um vídeo no meu telemóvel”
“Muitos pediram-me para que ele rezasse por Lisboa”, explicou Moedas. “Ele sentiu-se tão tocado e tão reconhecido que quis gravar um pequeno vídeo, um pequeno vídeo que ele fez com muita informalidade com o meu telemóvel, a agradecer aos lisboetas tudo isso. E a dizer que tem um grande entusiasmo para estar com eles, para vir a Portugal.”
Descrevendo a audiência como “um momento muito único”, Carlos Moedas contou que conversou com Francisco sobre a cidade de Lisboa e sobre os “mais vulneráveis, que têm uma vida mais difícil”.
“Em que ele me disse que o que ele gostava era de estar no meio das pessoas, com as pessoas, e esperava que pudesse estar com os lisboetas, com aqueles que mais sofrem”, disse Moedas.
“Depois, falámos da Lisboa intercultural, inter-religiosa, com as diferentes religiões. Ele dá muita importância, porque ele quer que esta jornada seja também uma jornada que junta todos aqueles que têm diferentes fés e aqueles que não têm fé, mas que são jovens que querem pensar o mundo, o futuro do mundo”, acrescentou ainda o autarca.
Moedas classificou o Papa Francisco como um “homem muito humilde, mas que transmite uma energia extraordinária”.
Apesar de ter estado internado no hospital na semana antes da Páscoa, o Papa Francisco estava “em grande forma”, garantiu Carlos Moedas. “Sabia que ele tinha estado no hospital, mas senti que ele estava com muita alegria e com muita vivacidade — e, sobretudo, com um interesse enorme por este evento que vai marcar a nossa cidade”, disse.
Carlos Moedas também mostrou ao Papa Francisco um vídeo de 30 segundos sobre a evolução das obras no Parque Tejo-Trancão, onde se vai realizar a missa final da JMJ, em agosto. “Disse-lhe que estávamos a regar a relva, não com água potável, mas com água usada, vinda de uma estação de tratamento para poupar água, e ele mostrou um grande interesse sobre esse ponto, a sustentabilidade e a poupança de água”, explicou Moedas.
O presidente da câmara de Lisboa ofereceu ao Papa Francisco um livro sobre o padre António Vieira. “É um jesuíta que defendeu sempre os mais fracos, que defendeu os indígenas no Brasil, que defendeu os judeus contra a Inquisição, que foi preso pela Inquisição, e ele ficou muito contente, porque também tem um grande amor pelo padre António Vieira, que é um jesuíta, como ele”, descreveu.