A brisa empurrava o Arsenal rumo a um título que só a falta de sopro podia travar. O tempo ventoso costuma ser desagradável, mas, de há uns tempos para cá, bem que um incentivo tinha ajudado os gunners a manterem a cadência. Ainda assim, o que parece que atingiu os ares de Londres foi um tornado que destruiu tudo o que a equipa de Mikel Arteta vinha a construir.

O Arsenal chegava então à jornada 33 da Premier League como uma equipa já a recorrer à reservas de energia, enquanto que o Manchester City seguia a todo o gás. Desde que o Sporting eliminou o Arsenal da Liga Europa, a equipa de Londres perdeu seis pontos fruto dos três empates que antecederam a visita ao Etihad Stadium. Não ganhando, também não perderam, é certo. Acontece é que o Manchester City reagiu ao impulso que irrompe em quem costuma vencer, hábito que o Arsenal não tem cumprido no últimos anos, e recuperou, com seis vitórias seguidas na Liga Inglesa, a desvantagem pontual que tinha para o líder.

Bernardo Silva fez parte das escolha iniciais de Pep Guardiola no encontro da jornada 33 da Premier League em que muito estava em cima da mesa no que à conquista do título diz respeito. Antes do encontro, o português tinha comparada o colega de equipa no Manchester City, Haaland, ao colega de equipa da seleção, Cristiano Ronaldo. “Em termos de números de golos, Haaland é inacreditável. Esta quantidade de golos (48) está ao nível de Cristiano e Messi. Espero que Erling consiga continuar neste ritmo, porque precisamos dos seus golos até ao último jogo da época. Ele tem definitivamente a mesma mentalidade de Cristiano. Quer sempre estar na área e marcar golos. Ele não quer saber se toca na bola uma ou duas vezes, quando toca ele marca. Ele é simplesmente um avançado puro”, referiu ao jornal Arab News.

Só que Haaland nem estava sequer a precisar de marcar para ajudar os citizens. O norueguês manteve o seu ar de bruto, mas deixou-se guiar por algum requinte quando amorteceu uma bola longa que terminou nos pé de Kevin de Bruyne (7′). Num remate típico do belga, na passada, de fora da área, o médio adiantou o City e muito cedo a equipa de Guardiola ficou em vantagem.

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O Manchester City continuava a guardar bem a baliza de Ederson com a preciosa ajuda de Rúben Dias. A única exceção foi quando Thomas Partey apareceu esquecido à entrada da área e rematou para a única ocasião do Arsenal que nem teve um nível de perigo assim tão elevado e só chegou a dez minutos do intervalo. A equipa de Arteta não conseguia impor o estatuto de um líder que, com dois jogos a mais, entrava em campo com mais cinco pontos do que o adversário. Haaland respondeu à ocasião dos gunners com uma nova chance para marcar, mas o papel do avançado neste jogo era outro.

Ainda antes de terminar a primeira parte, Stones (45+1′) alargou a vantagem do Manchester City. Inicialmente, o árbitro assinalou fora de jogo, mas a análise do VAR concluiu que, ainda antes do intervalo, os citizens conseguiam uma vantagem ainda mais confortável.

O domínio do Manchester City não era permanente, mas o controlo do jogo sim. O Arsenal subiu as linhas e começou a dar espaço para os atacantes adversários correrem. Haaland é um mestre nessa arte e voltou a esgueirar-se à defesa. Com todo o discernimento e desprovido de egoísmo, o norueguês assistiu Kevin de Bruyne (54′) para um resultado que, do ponto de vista do Arsenal, começava a ficar pesado de transportar para casa. O belga marcou o oitavo golo contra os gunners em onze jogos contra este adversário, o que torna os londrinos a vítima preferida o médio.

O Arsenal não o conseguiu fazer sempre, mas, quando mostrou o futebol que tem apresentado ao longo da temporada, as consequências foram positivas. Uma combinação curta e a poucos toques na direita, permitiu que as atenções dos defesas do Manchester City não estivessem postas em Holding (86′) que apareceu a fuzilar e a reduzir para 3-1. No entanto, quando Haaland (90+5′) já tinha soltado o cabelo para ir para o banho e numa das raras ocasiões em que Guardiola deixou o norueguês no terreno de jogo até final do encontro, o avançado anotou o 49.º golo na temporada, fechando o resultado em 4-1.

A partir de agora, se City e Arsenal ganharem todos os restantes jogos na Premier League, vai ser a equipa de Manchester a levantar pela terceira vez consecutiva o troféu de campeão. No entanto, para já, os londrinos continuam na liderança com dois pontos e dois jogos a mais do que os citizens.