Quanto mais informação é revelada, mais dúvidas se somam sobre o caso de João Galamba e do seu ex-adjunto, Frederico Pinheiro. Depois de um dia inteiro passado numa troca de acusações sobre quem está a mentir a propósito da reunião que juntou membros do Governo, do PS e a ex-CEO da TAP, Pinheiro veio revelar mais mensagens de Whatsapp trocadas com Galamba para tentar provar que avisou o ministro de que tinha tirado notas dessa reunião e que Galamba terá tentado esconder essa informação.

Nas mensagens de Whatsapp que revelou ao Expresso, Pinheiro acrescenta informação sobre as conversas que teve com Galamba no último mês, embora continuem a somar-se contradições. Nas respostas que deu ao Expresso e nas trocas de mensagens que enviou, o ex-adjunto admite que só informou Galamba de que tinha em sua posse notas sobre a tal reunião no dia 5 de abril.

Mas a sequência tem, pelo menos aparentemente, incoerências: Galamba mostra-se irritado, numa mensagem enviada dia 25 de abril, por aparentemente não saber dessas notas — “Como é que tu te lembras que tens notas um mês depois da reunião em que a Eugénia pediu tudo o que havia sobre a reunião com o grupo parlamentar?!?!? (…)”, dispara o ministro, numa mensagem que já tinha sido noticiada. E o adjunto revela agora a sua resposta.

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Na mensagem de Pinheiro, o ex-adjunto refere que essas notas, que diz ter mencionado no dia anterior (portanto, 24 de abril) à adjunta que estava a preparar as respostas a enviar à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a TAP, “são as mesmas” que já teria referido na tal reunião de 5 de abril. E acrescenta que na altura “todos” consideraram que, “sendo algo informal, não seria de relevar”. Na mesma mensagem, sugere que a decisão de “não revelar a existência dessas notas” deve ser revista, uma vez que corre o risco de ser chamado à comissão.

Foi a partir daqui que se deu a zanga final: Galamba exige que o ex-adjunto lhe ligue e é no dia seguinte, quarta-feira, que lhe telefona para o exonerar — segundo o ministério das Infraestruturas, por alegadamente ter escondido as tais notas e posto o ministério em risco de mentir ao Parlamento. Na versão do ministério, Pinheiro arrastou o assunto, dizendo que os apontamentos tinham gralhas e recusando revelá-los quase até ao final do prazo (entretanto prorrogado) para responder ao Parlamento.

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Na versão do adjunto, houve uma decisão de “todos” no ministério de não mostrarem o que seriam notas informais, embora elas tenham acabado por ser enviadas — Pinheiro diz que insistiu para que isso acontecesse. Ou seja, no fundo, acusam-se do mesmo: cada um diz que o outro queria mentir ao Parlamento sobre a reunião com a TAP.

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Depois, na quarta-feira, estando já exonerado por telefone, Pinheiro dirige-se ao ministério para ir buscar o computador (entretanto recuperado pela polícia) e fazer cópias da informação que lá tinha — e é então que é acusado de agredir vários elementos do ministério, que chegaram mesmo a chamar a polícia e a ir ao hospital nessa noite. Ao Expresso, o ex-adjunto diz que explicará tudo quando for chamado à comissão de inquérito. As suas notas, entretanto noticiadas pela SIC, sugerem que houve combinação de perguntas e respostas entre os socialistas e a ex-CEO da TAP, na véspera de esta ter ido ao Parlamento, em janeiro, para dar explicações sobre o despedimento de Alexandra Reis.

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