Rui Rocha revelou que PSD e Iniciativa Liberal têm o “compromisso de manter uma linha de diálogo aberta” com o intuito de construirem uma alternativa política para o país. Sem o Chega, como já deixou claro por diversas vezes, o presidente dos liberais sublinhou que este é um “sinal importante” entre os dois partidos para avaliar cenários futuros.
Em entrevista à SIC Notícias, para marcar os 100 dias de mandato à frente da IL, Rui Rocha confirmou que almoçou com Luís Montenegro, uma notícia avançada pelo Expresso, mas negou que o encontro tenha tido com o propósito de avaliar “a situação das últimas horas”, sublinhando que estava previsto “há algum tempo“. “Consideramos importante partilhar os diagnósticos que fazemos sobre a situação do país”, realçou o líder liberal, ao reconhecer que esse mesmo diagnóstico é “coincidente em muitas linhas dos cenários atuais”, nomeadamente na existência de uma “visão clara” de que o atual momento espelha “a degradação das instituições e dos cenários políticos”.
Perante uma situação política em que a dissolução da Assembleia da República foi colocada em cima da mesa pelo próprio Presidente da República — ainda antes de António Costa ter segurado João Galamba com a discordância de Marcelo Rebelo de Sousa —, Rui Rocha esclareceu que o “compromisso” entre PSD e IL é o de “manter uma linha aberta para avaliar futuros cenários”. A decisão, ressalvou, é um “sinal importante de que há uma alternativa em Portugal”.
“A IL e o PSD são os protagonistas possíveis de uma alternativa e qualquer outra possibilidade está fora de causa e só contribuiria para piorar Portugal”, reiterou, apontando para a “linha de contacto aberta, mantendo a autonomia dos partidos”.
Referindo o “sentido de responsabilidade” de ambos, admitiu que há “visões diferentes” entre sociais-democratas e liberais, mas frisou que “há sobretudo o compromisso de se manter uma linha de diálogo aberta” assente, desde logo, na certeza de que “não haverá entendimento pré-eleitoral”, apenas a “disponibilidade de discutir cenários” após serem conhecidos os resultados eleitorais.
Questionado relativamente a um acordo com o Chega, Rui Rocha voltou a negar a possibilidade e foi perentório: “Há soluções que aceleram uma alternativa e há soluções que por serem populistas e gerarem instabilidade e ferirem princípios éticos dificultam uma alternativa.”
Ainda sobre um possível cenário em que a IL chegue a um acordo de governo com o PSD, Rocha destacou como prioridades a redução de impostos, a resolução da questão do acesso à saúde, “convocando soluções públicas ou privadas”, e a necessidade de solução para o “problema da justiça”.
Relativamente à demissão de João Galamba e consequente recusa de António Costa em aceitar o pedido do ministro das Infraestruturas, Rui Rocha afirmou que “o Presidente da República cometeu erro de avaliação que foi confiar em António Costa” — e usou o tradicional exemplo do carro para garantir que “não comprava nem um automóvel novo” ao primeiro-ministro.
Ainda sobre a polémica com o youtuber que insultou António Costa, depois de questionado sobre a atitude de Santos Silva de criticar a postura dos liberais na sessão solene de Lula da Silva, Rui Rocha frisou que “não se pode comparar Augusto Santos Silva, a segunda figura do Estado, com comentários feitos por um youtuber”. “Em todo o caso já hoje a IL reconheceu a responsabilidade no convite, não no conteúdo.”