Na terça-feira, a poucos dias da coroação de Carlos III, as autoridades britânicas detiveram um homem no exterior do Palácio de Buckingham. O suspeito atirou cartuchos de caçadeira para dentro do pátio do palácio e trazia consigo uma mochila e uma faca – está, neste momento, sob jurisdição das autoridades.
Segundo a imprensa inglesa, o auto deste episódio é David Huber, um homem de 59 anos que reside em Cumbria, no noroeste de Inglaterra. Os vizinhos de David, na sua propriedade avaliada, segundo o The Telegraph, em 500 mil libras — cerca de 571 mil euros –, descreveram-no como sendo “um bom homem” e confirmaram que David terá ido para Londres na terça-feira. O homem terá inclusive pedido a alguns vizinhos que tomassem conta dos quase 30 cães que residem consigo na quinta em Cumbria.
David Huber descreve-se como um experiente criador de cães de caça e treinador de braco húngaros — esta espécie é também conhecida por vizsla húngaro ou perdigueiro húngaro. Ainda de acordo com o The Telegraph, David afirma ser um “ávido caçador” desde que era pequeno, além de frequentar concursos caninos com os seus animais de estimação. Um dos vizinhos, que não quis ser identificado, resumiu David numa frase: “Ele é um bom homem”.
Ele é um homem muito bom que adora cães, mas tem os seus problemas”, continuou o vizinho. “Ele tem problemas – vamos apenas dizer que não estamos surpreendidos que isto tenha acontecido. Não nos compete comentar mais. Estamos chocados por haver tanto interesse no que ele alegadamente fez. Suponho que seja por causa da coroação”, explicou.
Perto das 19h00 de terça-feira, David Huber apoximou-se de um funcionário do Palácio de Buckingham e pediu para ver um soldado, desejo que viu recusado. O homem terá então lançado cartuchos de caçadeira por cima dos portões do palácio. Após ser detido, David Huber foi revistado, tendo os agentes encontrado uma faca. Na quarta-feira de manhã, a Scotland Yard informou que tinha sido realizada uma explosão controlada na mochila de David depois deste pedir aos agentes que fosse manuseada com cuidado.
De acordo com o The Sun, a mochila continha dois passaportes, um telemóvel, uma carteira, chaves, cartões bancários, uma capa de computador portátil, a fotografia de uma criança e um livro de autoajuda. O homem terá dito aos amigos que “queria ser conhecido” antes de se deslocar para Londres. A sua irmã, Beverly, explicou que David ter-lhe-á enviado uma mensagem de despedida.
Ele não faria mal a uma mosca”, explicou a irmã, descrevendo-o como um fã da família real. “Ele sabia que seria detido e que a sua voz seria ouvida.”
Um dos amigos de David conduziu o homem até uma estação de comboio em Darlington, a 50 minutos de carro de sua casa. “Ele não conduziu para a estação porque não queria que ninguém seguisse o seu carro”, esclareceu o amigo. “Ele estacionou algures por perto e disse: ‘acho que estou a ser seguido‘.”
O amigo de David explicou ainda que o homem lhe terá dito que tinha de “tratar de algumas coisas” e que “planeava atrair a atenção de alguém no poder“.
O incidente não foi encarado como um ataque terrorista e David Huber terá passado por uma avaliação do seu estado mental, tendo sido considerado apto para ser interrogado, escreveu ainda o The Telegraph.