A Ópera de Sidney, que tem como tradição iluminar-se em homenagem a diversos marcos históricos e da atualidade, não se pintou com as cores do Reino Unido aquando da coroação do rei Carlos III.

A decisão foi defendida pelo líder do governo do estado australiano de Nova Gales do Sul, onde Sidney se insere. O líder do Partido Trabalhista, que governa o estado após as eleições em março deste ano, justificou a decisão com os custos envolvidos: entre 80 mil a 100 mil dólares, o equivalente a 72 mil a 90 mil euros.

Foi iluminada por tudo, desde ocasiões solenes a equipas de futebol que se encontravam de visita”, afirmou Chris Minns a uma estação de rádio de Sidney. “Claro que eu respeito o novo rei, mas tenho consciência de onde e quando gastar o dinheiro dos contribuintes.”

A Ópera de Sidney iluminou-se aquando da morte da rainha Isabel II, em setembro do ano passado. Esta prática esteve no passado envolvida em várias polémicas, como a iluminação da Ópera para a promoção de uma corrida de cavalos, em 2018.

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Gostaria de mantê-la [a iluminação da Ópera] para a Austrália e para os australianos e para momentos de sacrifício e heroísmo em nome do país ou quando ocorra um importante evento internacional em Sidney”, concluiu Chris Minns.

A Liga Monárquica Australiana condenou a decisão do executivo de Nova Gales do Sul. “Se o presidente tivesse contactado a Liga Monárquica Australiana, os nossos membros teriam contribuído prontamente para o financiamento desta importante ocasião“, disseram em comunicado emitido pela liga citado pelo The Guardian. “A partir de agora, caso o dinheiro dos contribuintes volte a ser utilizado para iluminar edifícios, provar-se-á que esta decisão foi baseada nas simpatias republicanas do Sr. Minns e não no seu custo.”

O papel que a monarquia desempenha na Austrália é cada vez mais contestado no país, distante das relações com a família real britânica. Em 1999, segundo a Reuters, foi realizado no país um referendo para saber se a população queria fazer uma transição para um regime republicano. A decisão foi rejeitada por 55% dos votos.

A coroação do rei Carlos III foi homenageada no Parlamento da Austrália, na capital do país, Camberra, com a iluminação do edifício de roxo no sábado para marcar a coroação. Além disso, membros das forças armadas australianas dispararam uma salva de 21 armas em homenagem ao rei, tendo a força aérea realizado manobras para marcar a data. O primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, esteve na cerimónia em Londres, onde jurou lealdade ao rei Carlos III em nome do país, embora seja um convicto republicano.

Quero ver a Austrália a ser governada por um chefe de estado australiano”, começou por explicar ao canal ABC na sexta-feira, segundo a Reuters. “Isso não significa que não se possa respeitar a instituição [monárquica], que é o sistema governativo que nós temos.”

A Ópera de Sidney, que é um dos principais símbolos da cidade, foi iluminada em 23 dias em 2012. Este número, contudo, tem vindo a aumentar e, em 2022, ocorrem em 70 dias, nos mais diversos eventos.