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O milagre do anjo Gabriel evitou o apocalipse (a crónica do FC Porto-Casa Pia)

Este artigo tem mais de 1 ano

O brasileiro foi o jóquer que Conceição lançou no início da segunda parte e tornou-se decisivo para uma vitória tirada a ferros pelo FC Porto contra o Casa Pia, que esteve a ganhar no Dragão (2-1).

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O jogador brasileiro foi lançado por Sérgio Conceição no início da segunda parte

DeFodi Images via Getty Images

O jogador brasileiro foi lançado por Sérgio Conceição no início da segunda parte

DeFodi Images via Getty Images

O objetivo era muito simples: não perder. Este domingo, o FC Porto entrava em campo já depois de o Benfica golear o Portimonense e sabia que, matematicamente, uma derrota contra o Casa Pia entregava desde já o título aos encarnados. E os dragões até podem não ser campeões nacionais — mas pretendiam adiar ao máximo a quase inevitabilidade que os encarnados conquistaram.

A equipa de Sérgio Conceição chegava à partida vinda de oito vitórias consecutivas, entre Campeonato e Taça de Portugal, mas a irregularidade exibicional e a margem curta de muitos desses triunfos não permitia abrir a porta a uma enorme confiança. O treinador dos dragões tornou-se recentemente o técnico com mais partidas no banco do clube, ultrapassando o registo de José Maria Pedroto, mas garante que trocava qualquer tipo de recorde pela conquista do título.

Ficha de jogo

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FC Porto-Casa Pia, 2-1

32.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto)

FC Porto: Diogo Costa, Pepê, Pepe, Fábio Cardoso (Gabriel Veron, 56′), Wendell, Uribe, Stephen Eustáquio (Grujic, 84′), André Franco (Danny Loader, 84′), Galeno, Evanilson (Toni Martínez, 84′), Taremi (David Carmo, 90+8′)

Suplentes não utilizados: Cláudio Ramos, Zaidu, Rodrigo Conceição, Bernardo Folha

Treinador: Sérgio Conceição

Casa Pia: Ricardo Batista, Fernando Varela (João Nunes, 78′), Vasco Fernandes, Zolotic (Tchamba, 74′), Derick Poloni, Ângelo Neto (Afonso Taira, 26′), Beni, Leonardo Lelo, Yuki Soma, Felippe (Rafael Martins, 74′), Godwin (Clayton, 78′)

Suplentes não utilizados: Lucas Paes, Eduardo Fereira, Léo Bolgado, Diogo Pinto

Treinador: Filipe Martins

Golos: Evanilson (ag, 45+5′), Taremi (57′), Danny Loader (90+3′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Zolotic (49′), a Felippe (74′), a Afonso Taira (90+7′), a Danny Loader (90+9′)

“Trocava esse recorde pela vitória no Campeonato. A marca diz o que diz, estou cá há seis anos, os jogos vão somando. Fico honrado porque atrás de mim estão treinadores com um prestígio enorme, mas não me traz felicidade nenhuma. O que me interessa é ganhar amanhã, é ganhar títulos, sou muito obcecado por isso. Mas é o que é, não há nada de especial nesse recorde. O que importa é ganhar ao Casa Pia amanhã para na próxima jornada irmos a Famalicão dar uma boa resposta”, defendeu Conceição na antevisão do encontro deste domingo.

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O treinador do FC Porto não contava com Marcano e Otávio, ambos castigados por acumulação de cartões amarelos, e lançava Fábio Cardoso e André Franco no onze inicial. Wilson Manafá voltava a ficar de fora da ficha de jogo, tal como tinha acontecido em Arouca, e Pepê era novamente a solução para a direita da defesa face à lesão de João Mário e em detrimento de Rodrigo Conceição. Do outro lado, num Casa Pia que está em 10.º lugar mas que levava seis jogos seguidos sem ganhar, Filipe Martins não contava com os lesionados Lucas Soares, Léo Natel e Kiki Silva e ainda com o médio Romário Baró, que está emprestado pelos dragões.

O FC Porto assumiu naturalmente as despesas do jogo, com Uribe a protagonizar a primeira oportunidade da partida ao atirar ao lado na sequência de um livre cobrado por Eustáquio na esquerda (8′). Os dragões atacavam maioritariamente pelo corredor esquerdo ou pela faixa central, com Pepê a atuar mais recuado do que o normal para apoiar Fábio Cardoso, que ficava muito exposto à velocidade de Godwin.

O avançado nigeriano era mesmo a principal ameaça do Casa Pia à baliza de Diogo Costa, assustando o guarda-redes português com um remate cruzado que passou muito perto do poste (9′) e deixando a defesa do FC Porto algo desmontada sempre que acelerava. Os dragões tinham mais bola, estavam quase sempre inseridos no meio-campo adversário e rodeavam o último terço dos lisboetas mas falhavam na definição, entre passes errados e uma desconcentração clara.

Já depois de tanto Eustáquio (14′) como André Franco (20′) rematarem por cima da baliza, Filipe Martins teve de fazer uma substituição forçada por lesão de Neto e lançou Afonso Taira no meio-campo. Taremi teve uma ocasião soberana para inaugurar o marcador mas rematou fraco e à figura de Ricardo Batista na cara do guarda-redes do Casa Pia (36′) e o FC Porto perdeu completamente o norte na ponta final da primeira parte.

Os lisboetas aproveitaram, subiram as linhas e pressionaram as fragilidades da equipa de Sérgio Conceição, que ia acumulando erros e perdas de bola. Godwin ficou perto de marcar em duas oportunidades quase consecutivas, desviando um cruzamento de Soma ao lado (44′) e rematando forte para Diogo Costa defender à segunda (45′), e o golo acabou mesmo por surgir já nos descontos. Poloni cobrou um livre na direita e Evanilson, ao primeiro poste, desviou para a própria baliza e colocou o FC Porto a perder (45+5′).

Os dragões foram para o intervalo a perder com o Casa Pia. Ou seja, ao intervalo no Dragão, o Benfica era campeão nacional no sofá e ouviam-se assobios nas bancadas do estádio. O FC Porto perdia por demérito próprio, perdia por falta de qualidade e intensidade e perdia, quase principalmente, porque Otávio não estava em campo. O internacional português fazia muita falta à equipa de Sérgio Conceição e era expectável que o treinador tentasse mudar alguma coisa logo no início da segunda parte.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Casa Pia:]

Mas não aconteceu. Ao contrário do que já ensaiou noutros momentos de aflição, Sérgio Conceição decidiu não fazer substituições ao intervalo e recomeçou o jogo com os mesmos onze jogadores que o iniciaram. A decisão, porém, só durou 10 minutos: Gabriel Veron entrou para o lugar de Fábio Cardoso (que teve uma exibição particularmente pobre) ainda antes da hora de jogo e levou na mão um recado que entregou a Uribe e que colocou o colombiano adaptado a central.

O impacto do médio brasileiro, que custou mais de 10 milhões ao FC Porto no verão mas que ainda pouco ou nada provou em Portugal, foi imediato. Na primeira vez que tocou na bola, Veron desequilibrou na direita, recuperou a bola depois de a perder, assistiu para Evanilson permitir a defesa de Ricardo Batista e voltou a assistir Taremi, que desviou para o fundo da baliza e empatou a partida (57′).

O Casa Pia não acusou o empate, com Diogo Costa a ser obrigado a evitar ao golo de Felippe com uma grande defesa (60′), e o jogo adquiriu uma nova intensidade e velocidade com o colorido no marcador. O FC Porto ia tentando chegar à vantagem, apoiando-se principalmente nas investidas de Pepê que não apareceram na primeira parte, e os lisboetas escudavam-se com uma organização defensiva louvável e as sempre venenosas transições rápidas.

Filipe Martins fez duas alterações a cerca de 15 minutos do fim, lançando Tchamba e Rafael Martins, e o FC Porto ia aproveitando a evidente fadiga acumulada pelo Casa Pia para encostar o adversário às cordas. Galeno acertou no poste com um pontapé acrobático (76′), Veron rematou por cima (78′), Eustáquio obrigou Ricardo Batista a uma grande defesa (83′) e Sérgio Conceição colocou Toni Martínez, Danny Loader e Grujic. E tudo ficou decidido ao terceiro minuto de descontos.

Pepê cruzou, Toni Martínez amorteceu de cabeça e Loader, de forma oportuna, apareceu junto ao poste a desviar para carimbar a vitória (90+3′). O FC Porto sofreu, mas conseguiu vencer o Casa Pia no Dragão com direito a reviravolta a adiou a decisão do título para as duas últimas jornadas — mantém-se a quatro pontos da liderança do Benfica, que só precisa de uma vitória para ser campeão nacional. Num dia em que quase tudo correu mal na primeira parte, Sérgio Conceição tirou um coelho da cartola ao lançar Gabriel Veron e viu o brasileiro ser decisivo para o momento que deu a volta à partida.

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