João Galamba garantiu na inquirição de quinta-feira que tinha falado com António Costa. “Ao final da noite, talvez uma ou duas da manhã”, para lhe contar “só o que se passou” — mas “aí já foi mesmo informação” — no Ministério das Infraestruturas na noite da exoneração de Frederico Pinheiro, seu adjunto à altura, e que depois de acusado de ter levado um computador do Estado (Galamba voltou a usar a palavra roubo) acabou entregue ao SIS.
A intervenção do SIS nessa noite continua a suscitar dúvidas e João Galamba acabou por admitir na quinta-feira que quem lhe disse que os serviços de informação deviam ser alertados pelo secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro António Mendonça Mendes. Isto foi uma informação revelada na quinta-feira por Galamba que falou, também pela primeira vez, da conversa com António Costa à uma ou duas da manhã desse dia 26 de abril.
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Na conversa com António Costa, Galamba garante que contou o que se passou nessa noite e “que tínhamos ligado ao SIS”. Primeiro Galamba diz que falou da PJ no telefonema a António Costa, mas depois, num segundo momento, disse que nessa conversa também falou dos contactos com o SIS. “No final contei o que tinha acontecido, contei que tinha sido… ligado ao SIS. O senhor primeiro ministro só tomou conhecimento das coisas. Tudo aconteceu antes disso”, respondeu ao deputado liberal Bernardo Blanco.
Antes, Galamba só tinha relatado, a 29 de abril, na conferência de imprensa que deu no Ministério das Infraestruturas, que tinha tentado falar com Costa que não o atendeu por estar a conduzir e que, por isso, ligou ao seu adjunto, Mendonça Mendes. Galamba prometeu, na audição de quinta-feira, verificar a hora exata em que ligou ao primeiro-ministro quando este não o atendeu. E também ficou de ver a hora exata em que entrou no Ministério das Infraestruturas naquela noite, tendo dito que o telefonema a Mendonça Mendes em que foi recomendado o alerta aos serviços de informação foi feito antes de chegar ao Ministério. Um telefone que “termina depois” do telefonema da sua chefe de gabinete para o SIRP.
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Numa primeira resposta ao Observador sobre os acontecimentos, o gabinete de António Costa tinha dito que o “primeiro-ministro não foi nem tinha de ser informado sobre o SIS. Nem tomou qualquer diligência. O Ministério das Infraestruturas deu – e bem – o alerta pelo roubo de computador com documentos classificados. As autoridades agiram em conformidade no âmbito das suas competências legais.”