Cerrou o punho, recebeu um abraço de forma eufórica do adjunto português Nuno Santos, procurou Xabi Alonso para cumprimentar o antigo jogador e trocar algumas palavras de respeito por aquilo que o Bayer Leverkusen tinha feito na segunda mão das meias-finais da Liga Europa apesar do nulo. No final da partida, já na conferência de imprensa, José Mourinho recusou a alcunha do Special One que o acompanhou no bem e no mal ao longo de quase duas décadas. No entanto, todos os holofotes durante os festejos estavam num técnico que é especial e que, antes de celebrar com jogadores e restante staff, foi à zona do estádio onde se encontravam os adeptos italianos para agradecer todo o apoio. Todos estavam rendidos ao técnico.

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Ao todo, e em 20 anos, Mourinho alcançou a sexta final europeia da carreira, segunda consecutiva depois da vitória na Liga Conferência frente ao Feyenoord pelos romanos. Foi à final da Taça UEFA em 2003 com o Celtic, o FC Porto ganhou. Foi à final da Liga dos Campeões em 2004 com o Mónaco, o FC Porto ganhou. Foi à final da Liga dos Campeões com o Bayern, o Inter ganhou. Foi à final da Liga Europa em 2017 com o Ajax, o Manchester United ganhou. Foi à tal final da Liga Conferência no ano passado com o conjunto de Roterdão, a Roma ganhou. Agora, vai tentar a sexta vitória noutras tantas decisões. E pela frente terá um Sevilha que, na Liga Europa, soma também por triunfos as seis finais realizadas. A 31 de maio só um continuará invicto.

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“Antes de mais, quero enviar uma mensagem para Emília-Romanha. É nos momentos de maior dificuldade que conseguimos encontrar o melhor de nós próprios. Este é um momento de grande festa em Roma mas não nos podemos esquecer da tristeza do povo neste momento difícil. Nós, como grupo, não podemos evitar isso. Quanto à minha equipa, foram os pequenos detalhes. Se não tivéssemos o Smalling no banco, provavelmente não teríamos vencido este jogo. Perdemos o Spinazzola, depois o Çelik, se não o tivéssemos naquele momento seria muito difícil. Isso para dizer que os pequenos detalhes fazem mesmo a diferença. Também podemos falar do Bove, que era o quinto elemento da defesa pela direita e aquela não é a posição dele. Os rapazes dão tudo. Este jogo é o resultado do nosso trabalho, das nossas experiências, da sabedoria tática e do facto de nos sabermos manter nas partida. Somos uma equipa fantástica, não há nada que eu possa pedir mais aos adeptos da Roma”, começou por comentar o técnico português após a qualificação.

“Segunda final seguida? A minha preocupação não é ficar na história da Roma mas ajudar os miúdos a crescer, a fazer coisas importantes. Ajudar os adeptos da Roma que tanto me deram desde o primeiro dia. É uma alegria muito grande chegar a mais uma final. Não corri como em 2010? Sim mas a agilidade ainda está em dia, não é um problema. A experiência não conta, a pressão e a alegria continuam a ser as mesmas. É muito difícil para mim jogar contra os meus amigos mas durante o jogo é algo que se esquece. Não gosto de celebrar na cara. Xabi Alonso é um dos meus”, acrescentou José Mourinho depois do jogo.

“Não é fácil para nós, temos tido sempre dificuldades. Os rapazes têm sido extraordinários. Já estão juntos há dois anos e eu tenho a certeza que Sérgio Oliveira vai estar aqui quando eu chegar ao autocarro. Quem chegar vai beber deste espírito, desta mentalidade. O grupo é extraordinário. Também tenho comigo um grupo extraordinário de assistentes, analistas e formadores que trabalham muito. Depois também são os pormenores. Há um mês, quando o Paulo [Dybala], o Gini [Wijnaldum], o Smalling e o Ricky [Karsdorp] se lesionaram, só nós achávamos que seria possível. Até o adepto mais ferrenho da Roma pensou que tudo tinha acabado. Mas não acabou, os rapazes encontraram forças na nossa organização tática, na nossa mentalidade e empatia. Foi um jogo épico, num grande estádio, com uma grande massa associativa e um grande árbitro. Os rapazes tiveram uma habilidade tremenda e muito controlo emocional”, acrescentou na conferência.

Os elogios ao português chegaram também dos jogadores, a começar por Pellegrini. “Há muitas coisas em que a Roma deve e pode melhorar mas ninguém tem o sacrifício e identidade forte que nós temos. Somos um verdadeiro grupo. O Bayer é uma equipa forte, tem individualidades importantes. Chegámos aqui como uma família e conseguimos mais este pequeno feito. Quando Mourinho chegou esperávamos esse salto de qualidade. Nem sempre as coisas correm da melhor forma mas ele é o arquiteto da nossa identidade. Mourinho é diferente em tudo, sabe fazer com que tu percebas a importância de um jogo, até pela forma como o prepara. Todos sabiam o que tinham que fazer em campo, com e sem posse. A minha sensação, lá dentro, era que faltava sempre um bocadinho para chegarmos lá, mesmo nos anos anteriores. Mourinho deu-nos grande parte do que faltava, não apenas um bocadinho”, destacou o capitão dos giallorossi.