A companhia aérea Georgian Airways, que tem sede na Geórgia e que é de propriedade privada, revelou que proibiu a Presidente do país de embarcar nos seus aviões. O anúncio foi feito este domingo após Salome Zurabishvili ter avisado que boicotaria a empresa e ter recusado os seus serviços em resposta à decisão de retomar os voos para a Rússia.
Tamaz Gaiashvili, fundador da companhia aérea, informou em comunicado, que é citado pela agência russa TASS, que declarava a chefe de Estado da Geórgia “persona non grata”. Além disso, declarou que até que Salome Zurabishvili “peça desculpas ao povo georgiano” não poderá “embarcar” nos aviões da Georgian Airways.
Os voos para a Geórgia estavam proibidos desde 2019, mas, na semana passada, Vladimir Putin, Presidente da Rússia, suspendeu o bloqueio e concedeu um regime de isenção de visto aos cidadãos desse país que desejem viajar para Moscovo. A Presidente georgiana considerou que a medida era uma “provocação” do Kremlin e, posteriormente, exortou os cidadãos a boicotar a Georgian Airways.
“Pessoalmente, declaro um boicote à Georgian Airways e exorto-vos a juntarem-se a ele. Trata-se de uma empresa que utiliza o Estado para se enriquecer. O mesmo aconteceu durante o governo anterior. Continuou durante a pandemia de Covid-19 e agora querem aproveitar-se da nova realidade [a retoma dos voos para a Rússia], que é inaceitável para a maioria da nossa população”, declarou Salome Zurabishvili em comunicado divulgado este sábado, que é citado pela TASS.
Os apelos da Presidente, uma dirigente pró-ocidente com poderes limitados e que tem relações tensas com o governo, foram ignorados pelas autoridades georgianas. De acordo com a agência Reuters, muitos cidadãos da Geórgia opõem-se a qualquer reaproximação com a Rússia, que reconheceu, em 2008, a independência de duas regiões separatistas: Ossétia do Sul e Abkházia.
Por outro lado, há quem esteja mais aberto a uma reaproximação com a Rússia. O governo do país tem trabalhado ao longo dos últimos anos para melhorar as relações com Moscovo — por exemplo ao recusar impor sanções ao país que invadiu a Ucrânia há mais de um ano. Há vários meses que a oposição política da Geórgia denuncia uma aproximação do governo à Rússia.
A Georgian Airways já começou a viajar diretamente para a Rússia. O primeiro voo partiu na manhã de sábado da capital Tbilisi e chegou quase três horas depois a Moscovo. A TASS avançou que a companhia aérea vai realizar sete destas viagens por semana.