O túmulo de Mahsa Amini, a jovem curda que morreu por usar o véu islâmico de forma considerada incorreta, foi vandalizado pela segunda vez. A família afirma que irá arranjá-lo as vezes que forem necessárias.
Ashkan Amini, irmão da jovem, denunciou o crime esta terça-feira na sua conta de Instagram. Na fotografia, entretanto eliminada da rede social, é possível ver a vitrine da campa partida, com os vidros estilhaçados em frente ao retrato da jovem de 22 anos. “O vidro do seu túmulo também os incomoda”, acusou o irmão.
The disgusting vandalism of Mahsa Amini’s grave only shows the ugliness and the weakness of the Islamic republic in the face of continued protests. The #IranRevolution is happening. #IRGCterrorists pic.twitter.com/kgX4bJw7eg
— Emily Schrader – אמילי שריידר امیلی شریدر (@emilykschrader) May 21, 2023
“Se o partirem novamente, mil vezes, nós arranjamos outra vez. A ver quem se cansa primeiro”, escreveu, acrescentando que é já a segunda fez que o túmulo é vandalizado.
De acordo com o jornal El Español, a família da jovem acusa as forças de segurança iranianas de terem sido as autoras do crime. O seu advogado declarou que, a 21 de Maio, “indivíduos conhecidos por terem cometido várias ações de mau gosto no passado destruíram a sepultura de Mahsa Amini”.
Mahsa Amini morreu a 16 de setembro de 2022, três dias depois de ter sido detida pela “polícia da moralidade” — unidade especial que controla o código de vestuário feminino no Irão — por, alegadamente, usar o hijab de forma incorreta e ter algum do seu cabelo visível.
Na altura, testemunhas afirmaram que a jovem tinha sido agredida mas as autoridades negaram, justificando que a morte foi consequência de um ataque cardíaco. As manifestações por Mahsa Amini tiveram início um dia depois da morte da jovem, tornando-se nos maiores protestos contra o governo e o sistema teocrático do Irão em décadas.
Milhares de mulheres saíram à rua em protesto, queimando o véu islâmico e enfrentando as autoridades. Nas redes sociais, muitas foram as que publicaram vídeos a cortar o cabelo em solidariedade para com a história da jovem curda.
Ao longo dos meses, as manifestações foram diminuindo devido à forte repressão do governo que, segundo o El Español, causou a morte a 500 pessoas. Milhares de pessoas foram detidas, tendo havido ainda sete execuções, uma delas em praça pública.
Na passada sexta-feira, pequenos protestos foram realizados em várias cidades do país em consequência da execução, no mesmo dia, de três manifestantes anti-governamentais.
Irão executa três homens alegadamente envolvidos em protestos contra governo