É na classe média que está solução para travar o crescimento da extrema-direita e do populismo. A crença é de António Costa, que reconheceu que os governos europeus não podem apenas “olhar para os mais frágeis” e têm de se focar na “defesa da liberdade, da democracia e da classe média” para que esta não se sinta abandonada e dê espaço aos radicalismos.

“Na nossa Europa não podemos olhar só para os mais frágeis, [temos o] grande desafio de defender a liberdade, a democracia e a classe média. É quando a classe média se sente abandonada, desamparada e insegura que temos o terreno fértil para os radicalismos se desenvolverem, para o populismo crescer e para a extrema-direita se tornar uma ameaça”, alertou o primeiro-ministro.

E prosseguiu para explicar “se queremos combater a extrema-direita” que é preciso dar “oportunidades à classe média e garantir às novas gerações que não vão ter uma vida pior que os seus pais”.

Na Cimeira Social dos socialistas europeus, em Matosinhos, António Costa despiu a gravata de primeiro-ministro e encarnou o papel de socialista apaixonado pela Europa para elogiar a forma como a União Europeia passou de uma abordagem na “lógica da austeridade” para a “lógica de solidariedade” — uma comparação entre a crise de 2008 e a crise pandémica provocada pela Covid-19.

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Aos olhos do líder socialista, os resultados, nomeadamente “a evolução das finanças públicas nos diferentes estados”, são a prova de que foi feita a opção acertada (“fizemos bem“). “Não é com austeridade que criamos economias fortes”, sublinhou.

Enumerou aqueles que considera terem sido os passos acertados e as “diferenças” de opções entre 2008 e a crise da Covid-19 e o facto de a UE ter “aprendido em conjunto as lições”. Do mecanismo que “protegeu milhões de empregos” e que levou António Costa a reiterar a necessidade de haver um “mecanismo permanente de estabilização de crises” aos elogios pela forma como se percebeu que era preciso um “programa focado no futuro da Europa”, capaz de “garantir o futuro e acelerar a dupla transição: energética e digital”.

O “pilar dos direitos sociais” que tem de ser “forte” esteve no centro do discurso, com a afirmação de que “só libertando da pobreza se alcança realmente a cidadania”. Para isso, Costa realçou que é preciso equilibrar entre vários patamares, nomeadamente no investimento na inovação para que empresas sejam mais competitivas e capazes de liderar essa dupla transição, sem nunca esquecer um “estado social forte”.

Ainda assim, fez questão de apontar para a necessidade de “assegurar que há oportunidades e condições” para as pessoas que podem ser afetadas pelo fim de postos de trabalho e até de profissões à boleia da inovação tecnológica. É preciso que sejam apoiadas no que toca a novas “qualificações”, mas também que ninguém seja abandonado: “Nunca sociedade decente vamos fazer todos juntos esta transição sem deixar ninguém para trás.”

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