O Presidente da República timorense defendeu esta quarta-feira a ampliação do programa de trabalhadores sazonais timorenses com a Coreia do Sul, de que já beneficiaram mais de 5.000 pessoas, destacando as sólidas relações entre os dois países.

“É um bom programa que há que expandir. De forma geral o programa tem sido muito bom para mais de cinco mil timorenses“, disse José Ramos-Horta à Lusa à chegada à ilha de Jeju, na Coreia do Sul, onde participa num forum regional.

“Os timorenses podem ganhar entre 2.500 a 3.000 dólares por mês, mais três refeições e alojamento. E podemos aumentar o programa, especialmente se arranjarmos jovens para o setor agrícola onde precisam de muita mão de obra”, vincou.

Durante a visita à Coreia do Sul, que começou esta quarta-feira, Ramos-Horta é um dos principais intervenientes na 18.ª edição do Fórum de Jeju para a Paz e a Prosperidade, dedicado este ano ao tema de “Trabalhar em conjunto para uma paz sustentável e a prosperidade no indo-pacífico”, onde participam, entre outros, o presidente coreano e 1.000 delegados de todo o mundo.

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O fórum é uma plataforma de diálogo lançada em 2001 que visa procurar soluções criativas para a cooperação internacional e debater “questões globais oportunas com numerosos líderes e especialistas” de todo o mundo. O chefe de Estado timorense tem previsto um encontro de trabalho com o seu homólogo coreano, Yoon Suk Yeol, e com representantes de corporações e empresas de vários setores, incluindo o setor do petróleo e gás e das telecomunicações.

Ramos-Horta disse que a visita pretende dar a conhecer as crescentes oportunidades em Timor-Leste, especialmente no quadro do processo de adesão à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), onde o país tem estatuto de observador desde o ano passado.

“O meu interesse, sobretudo, é trazer empresas, bancos, companhias de seguro e outros grandes investidores para Timor-Leste. Hoje as perspectivas são melhores por causa da adesão à ASEAN. Fazemos parte de um mercado de 700 miilhões de pessoas, com um PIB conjunto de 4 biliões de dólares e uma classe média alta de muitos milhões de consumidores”, notou.

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O chefe de Estado recordou as suas relações antigas com a Coreia do Sul, especialmente com o falecido presidente Coreano Kim Dae Jung, que considera “o pai da democracia sul coreana” e a quem propôs como Prémio Nobel, que acabou por receber.

Laços que se cimentam num amplo e diversificado programa de cooperação do país em Timor-Leste e que começou com o envio de capacetes azuis sul-coreanos para participar na força internacional Interfet que entrou no país depois da violência que se seguiu a referendo de independência de 30 de agosto de 1999.

“Os coreanos simpatizam muito com Timor-Leste. Simpatizam porque tem a mesma história, de colonização, de sofrimento, de pobreza, de humilhação. Os coreanos passaram por tudo isto e quando leem sobre Timor-Leste dizem: somos nós”, notou.

Entre os participantes no Jeju Fórum deste ano contam-se o ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros australiano Gareth Evans, líderes políticos coreanos e regionais, empresários e académicos de vários países.

De Seoul, no regresso a Timor-Leste, Ramos-Horta intervém em Singapura no Shangri-la Dialogue, considerada uma das principais cimeiras da região sobre segurança e defesa e em que participam, entre outros, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.

Está igualmente previsto um jantar com a presidente de Singapura, Halimah Yacob e o primeiro-ministro do país, Lee Hsien Loong.