O Presidente da República diz estar “preocupado” com a decisão de o Governo ter tomado a “decisão de suspender a emissão de certificados de aforro, para lançar um novo tipo de certificado de aforro virado para o médio prazo”. Em visita à Feira Nacional da Agricultura, em Santarém, Marcelo Rebelo de Sousa sugere que o travão aos certificados de aforro foi feito para proteger os depósitos bancários e faz um apelo para que os bancos façam “um esforçozinho” para aumentarem as remunerações dos depósitos a prazo.

Para o chefe de Estado, “a procura dos certificados de aforro, acontece porque os portugueses acham que o que a banca está a pagar é pouco”. E, nesse sentido, considera que a banca “não pode esperar” nem “meditar”, esperando que continue tudo na mesma” quando começa a “aparecer uma situação alternativa”. Marcelo sugere que a banca não é competitiva e prefere que seja travada uma alternativa quando ela aparece do que aumentar o valor pago aos clientes com os depósitos a prazo.

O Presidente continua a resistir a comentar a necessidade de uma remodelação governamental, ao dizer apenas que continua a acompanhar “atentamente, vigilantemente o que se passa.” Marcelo voltou a remeter as avaliações do “balanço da situação” que fará em julho quando chamar os partidos a Belém, momento que considera importante para “olhar para o Orçamento para ano que vem.”

O chefe de Estado diz que se “a situação internacional continuar a melhorar, na inflação e crescimento” isso se traduza em “perspetivas positivas para os próximos anos” em Portugal, apelando que “os grandes números” cheguem à vida das pessoas. Marcelo não se compromete, assim, com uma concordância com o que defende Luís Montenegro: uma redução dos impostos.

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“Eu, obviamente fui convidado”

Marcelo foi também chamado a comentar a ausência do Governo da Feira Nacional da Agricultura, para destacar como é mais popular entre os agricultores do que o Executivo de António Costa. “Já aconteceu com a Ovibeja, e agora aconteceu outra vez. O critério é dos organizadores. Eu obviamente fui convidado e estaria sempre. Estive quando era líder da oposição, quando não tinha nenhuma função política, estive como praticamente sempre como Presidente da República”. E deixou um conselho ao Governo: “Penso que, olhando para o futuro, todos os responsáveis políticos, convidados ou não convidados, venham cá.”

Marcelo lembrou ainda uma sondagem (“A opinião dos portugueses sobre a agricultura nacional”) em que a CAP, federação de agricultores crítica do Governo, tem uma avaliação positiva. E destacou que algumas das respostas desse estudo de opinião mostram que é exigido “mais da parte do Governo, nomeadamente a nível de apoios à agricultura.”

Uma vez que estava em Santarém, hipótese de localização de um novo aeroporto, Marcelo espera que “até ao final do ano haja uma decisão” quanto ao local — seja ele qual for. “Que venha uma decisão”, pede.