Uma das coisas boas entre os prós e contras que o Estádio Nacional terá sempre enquanto palco de um dia como não há mais ao longo de uma temporada na final da Taça de Portugal é a perspetiva mais aberta do que é normal para a zona técnica das duas equipas. No caso do FC Porto, era ali que estava Sérgio Conceição, no limite daquilo que era o tracejado já a chegar ao relvado e a olhar apenas para trás quando se apercebia de algo de “anormal”. Mais uma vez, deu show: a aplaudir os seus atletas, a receber uma bola de primeira sem deixar cair a recordar os velhos tempos de jogador antes de passar a Pepê, a protestar sobretudo com todos os momentos em que o encontro parava quebrando o ritmo que vai na equipa. No final, mesmo com aquele susto que o deixou mais tenso aquando da expulsão de Wendell e a substituição de Toni Martínez (que fez questão de abraçar quase a pedir “desculpa” perante os gestos de compreensão do espanhol), notava-se que o técnico estava satisfeito com o que tinha trabalhado e via em campo. E foi isso que destacou no final.

Otávio chegou ao meio e começou a dança do “chora bebé” (a crónica do Sp. Braga-FC Porto)

“O resultado complicou-se um bocadinho com a expulsão do Wendell mas depois o Niakaté foi expulso também. Mesmo com dez o jogo estava controlado. Foi um grandíssimo jogo, um dos melhores que tive como treinador do FC Porto”, começou por admitir à RTP3 o treinador que fez mais história pelos azuis e brancos, tornando-se o primeiro a conseguir ganhar três finais da Taça de Portugal à frente de José Maria Pedroto, Fernando Santos e Jesualdo Ferreira. Em paralelo, Sérgio Conceição viu também ganhar o quinto título nos últimos seis disputados a nível nacional, aumentando para dez o número de conquistas pelo clube. Ou seja, mais jogos, mais vitórias, mais troféus ganhos e mais razões para os adeptos azuis e brancos cantarem de forma insistente a música do seu treinador a par da inevitável referência a Pinto da Costa.

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“Cânticos para ficar no clube? Agora é desfrutar desta Taça de Portugal, desta conquista. Depois, a partir de amanhã, vamos falar sobre aquilo que vai ser o futuro próximo do FC Porto a todos os níveis. Acho que agora não é tema. Uma palavra para os adeptos que foram fantásticos do princípio ao fim, sempre muito dedicados e apaixonados. Dá-me um sabor agridoce porque se fôssemos competitivos desta forma em alguns momentos da época, em jogos em que não digo que facilitámos, mas… Quando disse que fomos a melhor equipa não quero tirar mérito ao Benfica. Foram consistentes, fizeram uma primeira volta incrível. Se tivéssemos a mesma consistência que tivemos na segunda…”, comentou Sérgio Conceição.

“Saídas e mercado? Não é só o FC Porto, é difícil os clubes portugueses segurarem estes jogadores. É a nossa realidade. Estamos num campeonato que não tem esse poderio financeiro e infelizmente estes bons jogadores acabam por sair de forma natural e é difícil para os treinadores. Andamos aqui também a tentar competir na Europa e não esquecemos as equipas portuguesas, que este ano deram uma imagem fantástica. Não temos esse arcaboiço para manter alguns dos jogadores. Se houvesse continuidade, também tínhamos uma palavra a dizer na Europa”, rematou à RTP após a 14.ª vitória seguida na Taça de Portugal e 12.ª olhando apenas para os encontros da temporada de 2022/23 após o nulo em Braga.

“Todos os jogadores do FC Porto falaram de si. Tem proposta para sair ou amanhã vai preparar a nova época? “Houve tentativas de abordagem mas neguei sempre porque tinha este jogo. Amanhã vou ouvir o presidente e vamos falar sobre o lançamento da pré-época. O futuro não sabemos, mas da mesma parte do presidente, que pode colocar-me na alheta. Nápoles? Não é o momento. É momento de desfrutar e falar do próximo ano não faz sentido. Não há preocupação, tenho mais um ano de contrato, há situações a melhorar e a rever, porque nem tudo foi mar de rosas e nós temos de olhar para o que não correu tão bem e logo se verá”, apontou Sérgio Conceição ainda nas zonas de entrevistas rápidas do Jamor.

“A análise a esta final com o Sp. Braga é fácil de fazer, fomos superiores a uma equipa que fez um trajeto excelente esta época e que valoriza ainda mais a nossa prestação. Fomos superiores do início ao fim sem abdicarmos das características que nos marcam. Tal como ao longo da época, com mais eficácia o resultado seria outro. Foi dos melhores jogos que tive aqui no FC Porto. Se num ou noutro momento da época demonstrássemos isto, poderíamos ter festejado mais. Foram três troféus e não é fácil preparar uma final da Taça depois de perder um Campeonato na última jornada. Temos qualidade para fazer algo diferente na primeira volta mas agora já passou”, começou por dizer depois na sala de conferências de imprensa.

“Se posso prometer que vou continuar no FC Porto? Mas a questão veio de onde, foi do estúdio? Tenho um ano de contrato, não há discussão. Posso desfrutar um bocadinho? Os adeptos não pediram nada, não há nada a acrescentar e é tão importante valorizar o que fizemos hoje. Saídas? Eu sei que o mercado é mais apelativo até porque as primeiras páginas em dia de final da Taça de Portugal são com a saída de um jogador quando devia ser normal num Campeonato como o nosso saírem jogadores como o Ugarte. Foi mais um título para o museu, três em quatro esta temporada. Se somos a grande potência em Portugal? Acabou de dizer, ganhámos cinco dos últimos seis troféus e somos um clube historicamente habituado a ganhar sobretudo com o nosso presidente nos últimos 40 anos. Se queria ganhar seis em seis? Claro que sim e se tivéssemos sido mais consistentes na primeira volta conseguíamos”, rematou Sérgio Conceição, já mais comedido nas palavras em relação a uma potencial saída do Dragão no próximo verão.