O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, garantiu esta segunda-feira que a Suécia já fez tudo aquilo com que se comprometeu para entrar na NATO e cabe agora à Turquia tomar a decisão que lhe corresponde.
“Pensamos que fizemos tudo o que tínhamos de fazer, estamos totalmente comprometidos neste trabalho conjunto contra a delinquência organizada e contra o terrorismo”, afirmou Ulf Kristersson, em Madrid, numa conferência de imprensa ao lado do homólogo espanhol, Pedro Sánchez.
Ulf Kristersson, em resposta a uma pergunta de um jornalista turco e segundo a tradução simultânea das suas declarações para espanhol, disse que a Suécia cumpriu com “as obrigações” que assumiu no acordo que assinou em junho do ano passado com a Turquia e que cabe agora a Ancara “tomar as decisões que lhe correspondem”.
A Suécia pediu para aderir à NATO (a aliança de defesa de países europeus e da América do Norte) no ano passado e, perante o veto da Turquia, assinou um acordo em que assumiu compromissos para permitir levantar o bloqueio de Ancara.
A Turquia tem bloqueado há 13 meses a adesão da Suécia à Aliança Atlântica acusando Estocolmo de acolher militantes curdos do Partido os Trabalhadores do Curdistão (PKK), uma organização classificada como terrorista por Bruxelas e Ancara.
O bloqueio mantém-se apesar de a Suécia ter aprovado nova legislação antiterrorista que entrou em vigor em 1 de junho.
O primeiro-ministro sueco disse que falou esta segunda-feira de manhã com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, e que partilha “totalmente as suas declarações” de domingo, quando afirmou que a Suécia cumpriu as suas obrigações para com a Turquia, no final de uma reunião de duas horas com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.
Soltenberg pediu para a Turquia levantar o bloqueio à adesão da Suécia à NATO antes da cimeira da organização prevista para Vilnius em 11 e 12 de julho.
Reeleito em 28 de maio para a Presidência da República da Turquia, Erdogan bloqueou até agora a entrada da Suécia na Aliança Atlântica, exigindo, em particular, a extradição de várias dezenas de membros de milícias curdas por parte de Estocolmo, mas a decisão final será tomada por um tribunal independente.
Centenas de pessoas, com slogans contra a NATO e bandeira do PKK manifestaram-se no domingo em Estocolmo, denunciando a nova legislação antiterrorista sueca, que consideram ter sido adotada por pressão da Turquia.
Centenas de pessoas manifestam-se contra a NATO e em apoio a curdos na Suécia
O Governo turco expressou no início da semana passada a sua irritação em relação à convocatória da manifestação de domingo por movimentos próximos do PKK.
Esta segunda-feira, o primeiro-ministro Ulf Kristersson disse que o governo sueco reconhece que “a Turquia foi gravemente afetada por atividades que podem também ter sido levadas a cabo em território sueco contra a Turquia” e reiterou o compromisso em fazer “tudo o que estiver ao alcance” da Suécia para “evitar que se produzam atentados” e em aprovar e fazer cumprir legislação para “castigar aqueles que tiverem a intenção fazer atentados”.
Ulf Kristersson reuniu-se esta terça-feira com o homólogo espanhol, Pedro Sánchez, em Madrid, quando falta menos de um mês para a presidência semestral do Conselho da União Europeia (UE) passar da Suécia para a Espanha, em 1 de julho.
Sánchez voltou a manifestar apoio à entrada da Suécia na NATO e, em resposta a perguntas dos jornalistas, voltou a negar que seja candidato ou pretenda ocupar o cargo de secretário-geral da organização, que Soltenberg deixará depois do verão.