Aconteceu com Pelé, aconteceu com Johan Cruyff, aconteceu com Eusébio, aconteceu com Beckenbauer, aconteceu com mais um par de jogadores portugueses, europeus e/ou sul-americanos ao longo das décadas de 70 e 80. A Liga de futebol dos EUA, naqueles tempos em que o soccer tinha de ser reforçado uma ou duas vezes para distinguir do futebol americano, era uma espécie de El Dorado para os grandes nomes mundiais que passavam pelo país para fazerem um último grande contrato, viverem o sonho americano e gozarem de experiências que antes nunca tinham conhecido. Depois, foi começando a cair em desuso. Porque apareceu a China e o Japão em força, porque agora existem potências (no plano financeiro) como a Arábia Saudita ou o Qatar. Em condições normais, esse era o próximo destino de Lionel Messi. Afinal, parece que não.

France Press avança que Messi vai jogar na Arábia Saudita (contra Ronaldo), pai do argentino garante que só decide no final da época

Depois de uma viagem de charme que estava englobada no contrato milionário para a promoção do turismo na Arábia Saudita, vários meios apontavam Lionel Messi à Liga do país. A France-Press chegou mesmo a avançar de que o acordo estava feito enquanto ainda não tinha terminado a Ligue 1, numa informação que causou grande celeuma no PSG e na própria entourage do jogador. “Só decidiremos no final da temporada”, garantiu Jorge Messi, pai e representante do argentino. Havia ainda o Barcelona a tentar a todo o custo o regresso do “seu” número 10, mais dois clubes europeus a arriscarem o impossível, outra proposta reforçada do Al Hilal que renderia mais de mil milhões ao jogador. No final, o Inter Miami ganhou a corrida.

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A formação de David Beckham, que há muito seguia a situação de Messi até por saber que o campeão do mundo tinha comprado um luxuoso apartamento em Miami em 2021, chegou até a ser dada como uma ponte para poder fazer ainda mais um ano em Camp Nou e só depois entrar na MLS, com tudo o que isso terá de mediático para a competição que foi perdendo algum gás face a outras ligas não europeias nos últimos anos. Contudo, a proposta é para a contratação imediata do esquerdino de 36 anos que está prestes a acontecer.

Segundo o The Athletic, há dois parceiros importantes numa contratação complexa mas que terá conseguido convencer o jogador e os seus representantes. Assim, além do salário anual do Inter Miami e de todos os compromissos comerciais que tem a título pessoal, Lionel Messi vai contar com o “apoio” da Apple e da Adidas. Como? A Apple está disposta a ceder uma percentagem de todas as vendas que faça do MLS Season Pass, o sistema de streaming que permite ver todos os jogos da prova e demais conteúdos produzidos por toda a organização. Já a Adidas coloca como benefício à disposição do argentino uma percentagem de todas as receitas que fizer nos EUA. No fundo, o número 10 é um novo símbolo da MLS… pago por isso.

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Aguardam-se mais desenvolvimentos nas próximas horas, sendo que a imprensa espanhola fala também de uma intervenção de Jorge Mendes nas negociações em Miami, para onde viajará ainda esta noite. Ainda assim, a confirmação do acordo chegou mesmo do próprio Messi, ao Sport e ao Mundo Deportivo. “Não vou voltar ao Barcelona, vou para o Inter Miami”, assumiu o argentino, entre “reparos” ao clube catalão.

“Conversei muito pouco com o presidente Laporta, talvez uma ou duas vezes. Mas falo muito com o Xavi. Conversámos sobre a possibilidade de voltar e ficámos muito empolgados. A vertente financeira nunca foi um problema ou obstáculo para mim mas nunca chegámos a falar sobre o contrato. Nunca houve uma proposta formal, escrita, assinada, porque ainda não havia nada e não sabíamos se seria possível ou não. Se fosse uma questão de dinheiro, iria para a Arábia Saudita ou para outro lugar. Parecia-me muito dinheiro e a verdade é que a minha decisão não foi pelo dinheiro. Tinha muitas expectativas em voltar mas depois do que lá vivi e da forma como saí, não queria estar novamente a viver a mesma situação, ou seja, esperar para ver o que ia acontecer e deixar o meu futuro nas mãos de outra pessoa”, comentou.

“Recebi ofertas de equipas europeias mas nem avaliei porque a minha ideia sempre foi ir para o Barcelona. Se não fosse isso, era sair do futebol europeu depois de ter ganho o Mundial, que era o que precisava para fechar a minha carreira e viver a MLS de outra maneira e desfrutar muito mais do dia a dia, com a mesma responsabilidade de querer ganhar e fazer as coisas bem mas com mais tranquilidade…”, assumiu ainda o argentino, antes de falar da proposta do Al Hilal e dos novos desafios que terá nos EUA.

“Estou a passar por um momento em que quero sair um pouco do foco, pensar mais na minha família. Estive dois anos mal a nível familiar… O mês em que ganhei o Mundial foi espetacular mas tirando isso foi uma etapa difícil para mim. Quero voltar a desfrutar da minha família, dos meus filhos, do dia a dia… Barcelona? Obviamente que gostaria de voltar a estar perto do clube. Ainda para mais, vou viver na cidade. É uma das coisas de que eu, a minha mulher e os meus filhos temos a certeza. Não sei em que momento mas oxalá algum dia possa dar algo ao clube e ajudar, é um clube que amo. Agradeço o carinho que me deram durante a minha vida e gostaria de voltar a estar lá”, garantiu o número 10 aos dois desportivos catalães.

“Na passada segunda-feira, Jorge Messi, pai e representante [de Lionel Messi], informou o presidente do Barcelona da decisão de Messi em rumar ao Inter Miami, apesar de ter recebido uma proposta do Barcelona, dado o desejo de clube e jogador em promover o regresso. Joan Laporta compreende e respeita a decisão de Messi em competir num campeonato menos exigente, mais longe da ribalta e da pressão a que foi sujeito nos últimos anos”, comentou depois o Barcelona em comunicado, contrariando aquilo que o seu antigo jogador tinha relatado a propósito de nunca ter existido uma oferta concreta em cima da mesa.