Portugal está pronto para enviar 100 a 120 elementos de várias forças, dos bombeiros ao INEM, para ajudar a combater os “históricos” incêndios que assolam o Canadá há vários dias.

A garantia foi dada pelo ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, horas depois de a Comissão Europeia ter anunciado oficialmente que Portugal, Espanha e França iriam enviar 280 bombeiros no total ao abrigo do Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia.

Segundo as informações transmitidas por Carneiro aos jornalistas, esta quinta-feira, nas “próximas horas ou próximos dias” os agentes, que vêm de várias forças — bombeiros, INEM, ICNF, força especial de proteção civil ou de emergência e proteção de socorro — estarão prontos para se deslocar até ao Canadá. Viajarão, provavelmente, sozinhos, com custos de transporte e logística cobertos pelo país, mas trabalhando em articulação com França e Espanha.

Também esta quinta-feira o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, anunciou a chegada de “centenas de bombeiros norte-americanos” para combater os incêndios florestais, cujo fumo já chegou à costa leste dos Estados Unidos.

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Numa mensagem publicada na quarta-feira, Trudeau garantiu que há mais bombeiros norte-americanos “a caminho” do Canadá e disse ter conversado por telefone com o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

“Agradeci-lhe por toda a ajuda que os norte-americanos estão a disponibilizar enquanto continuamos a combater estes incêndios florestais devastadores”, acrescentou o chefe do governo canadiano, na rede social Twitter.

Num comunicado divulgado na quarta-feira, a Casa Branca confirmou que Biden se ofereceu para ajudar o Canadá na luta contra incêndios florestais “devastadores e históricos”.

“O Presidente instruiu a sua equipa a usar todos os recursos federais de combate a incêndios que podem ajudar a extinguir rapidamente os incêndios que afetam as comunidades canadianas e norte-americanas”, referiu o comunicado.

Além de cidades canadianas, zonas dos Estados Unidos, incluindo Nova Iorque, entraram na quarta-feira em estado de alerta por causa da poluição do ar, que levou escolas a encerrar recreios e desportos ao ar livre.

O Canadá combatia na terça-feira mais de 400 incêndios ativos, com a maior fatia na província do Quebec. O país registou este ano 2.293 incêndios florestais e cerca de 3,8 milhões de hectares ardidos, acima da média das últimas décadas.

O primeiro-ministro do Quebec, François Legault, anunciou na segunda-feira que a província esperava a chegada de 200 bombeiros especializados no combate a incêndios florestais da França e dos Estados Unidos e que estava em negociações com outros países, como Costa Rica e Chile, para enviar mais pessoal, se necessário.

Legault recomendou aos habitantes da província que fechassem as janelas e evitassem realizar atividades físicas ao ar livre, principalmente as pessoas que sofrem de problemas respiratórios.

Justin Trudeau apontou para as mudanças climáticas como a razão para o aumento do número de grandes incêndios, que “estão a afetar as rotinas diárias, vidas e meios de subsistência e a nossa qualidade do ar”.

“Continuaremos a trabalhar — aqui em casa e com parceiros em todo o mundo — para enfrentar as mudanças climáticas e lidar com os seus impactos”, prometeu Trudeau.

Também o secretário-geral das Nações Unidas António Guterres recorreu às redes sociais para lembrar que “metade da humanidade está na zona de perigo de incêndios florestais e outros eventos climáticos extremos, como inundações, secas e tempestades extremas”.

“Com o aumento das temperaturas globais, a necessidade de reduzir rapidamente o risco de incêndios florestais é mais crítica do que nunca. Estamos a ficar sem tempo para fazer as pazes com a natureza, mas não podemos desistir”, concluiu o português.