O Campeonato do Mundo de Resistência (WEC) organiza este fim-de-semana a prova mais conceituada do ano, aquela em que a vitória vale mais do que no próprio campeonato e em todas as outras seis provas que o constituem. Referimo-nos às 24 Horas de Le Mans, a corrida realizada na pista de La Sarthe, nos arredores de Le Mans. E, aproveitando a 100.ª edição da mítica competição, a Alpine revelou o A424_β, o modelo da categoria rainha com que vai defender as suas cores a partir do próximo ano.
Bruno Famin, que agora passa a acumular a responsabilidade técnica da equipa da F1 da Alpine com a da equipa da marca francesa de desportivos no WEC, salientou que o modelo que mostrou ao público “ainda é um beta”, sinónimo neste construtor de uma versão que ainda não é definitiva e que passará a tal apenas como A424. Ainda assim, permite-nos ver um protótipo muito atraente, com o responsável pelo design do construtor, Antony Villain, a garantir-nos que o facto de terem desenhado um protótipo de linhas apaixonantes não os impediu de se focarem prioritariamente na eficiência do modelo.
Um LMDh com pozinhos de F1
A Alpine, que este ano corre em LMP2, vai disputar o WEC a partir de 2024 com o novo A424 na categoria mais rápida e a única que pode bater-se pela vitória, a Hypercar, que junta os europeus LMH (Le Mans Hypercar), concebidos para correr no WEC e em Le Mans, com os norte-americanos LMDh (Le Mans Daytona híbridos), destinados a competir em Le Mans, mas sobretudo em Daytona e no campeonato IMSA, do outro lado do Atlântico. A marca francesa optou por construir um LMDh, apesar dos carros que actualmente dominam o WEC serem os LMH.
A diferença entre as duas categorias resume-se ao facto de os LMH serem substancialmente mais caros, por as marcas terem de desenvolver o chassi, que é livre, tal como o sistema híbrido que transmite a potência do motor eléctrico apenas ao eixo dianteiro (transformando o modelo num 4×4), que contudo tem um funcionamento mais limitado, uma vez que o regulamento apenas permite que transmita potência ao eixo dianteiro a partir de 120 km/h (ou 140 km/h no molhado).
Os LMDh, pelo seu lado, são mais baratos e rápidos de desenvolver, uma vez que partilham o chassi (os construtores podem escolher um dos quatro fornecedores possíveis) e o sistema híbrido. Apenas o motor de combustão é livre, com o sistema híbrido a estar acoplado à caixa e ao eixo traseiro.
Motor Mecachrome, caixa Xtrac e bateria Williams
Para animar o seu A424_β, que recorre a um chassi Oreca com um peso de somente 1030 kg, a Alpine monta um motor 3.4 V6 sobrealimentado concebido e produzido pela Mecachrome, que deverá entregar ao piloto 675 cv. A esta potência é preciso adicionar a potência da unidade eléctrica (68 cv), útil a baixo e a médio regime, uma vez que a soma de potência dos dois motores nunca poderá ultrapassar pelo regulamento 675 cv, a potência debitada nas melhores condições pelo V6 a gasolina.
A caixa é fornecida pela Xtrac, a que está acoplado o motor eléctrico fornecido pela Bosch, sendo este último alimentado por uma bateria da Williams, empresa associada à equipa de F1 que também forneceu os acumuladores aos Fórmula E.
O novo A424_β vai ser testado em pista no final de Julho, para depois, em Agosto, realizar uma visita prolongada ao circuito de Paul Ricard, onde decorrerá o trabalho de desenvolvimento. Tudo estará terminado no início de 2024, para que a Alpine dispute o campeonato do WEC em Hypercar, o que lhe assegura nova presença em Le Mans, onde tentará repetir a vitória de 1978.