Na edição em que se comemorou o 100.º aniversário das 24 Horas de Le Mans, não faltaram os motivos de interesse, bem como uma mão-cheia de curiosidades. Uma delas prende-se com a evolução verificada nos volantes dos veículos de competição ao longo das 100 edições do evento, cujo grau de sofisticação tem aumentado de forma impressionante, um pouco à semelhança do que aconteceu com o seu preço.
Em termos de simplificação, basta comparar o volante do Bentley Blower de 1929 que aqui publicamos, idêntico ao que se sagrou vencedor na edição das 24 Horas de Le Mans do ano anterior. O diâmetro é enorme, para que o condutor tenha de fazer menos força para girar o volante, uma vez que à época não havia direcção assistida. Mas, em termos de comandos, apenas os habituais nos carros desportivos de há 100 anos, uma alavanca para avançar ou atrasar a ignição e uma outra para regular o acelerador. Um volante moderno como os utilizados pelos Hypercars, se bem que mais simples (e barato) do que os de F1, permite aos pilotos controlar pelo menos 26 funções, através dos múltiplos botões de pressionar, girar e rodar, além das seis alavancas posicionadas atrás do volante.
Se o volante de 1929 que pode ver na imagem permite conduzir um Bentley avaliado no mercado dos veículos históricos em cerca de 25 milhões de euros, o volante novo é precisamente o que vai ser utilizado pelo Alpine A424 que vai começar a testar já em Julho, para estar pronto para o WEC de 2024. A primeira dúvida que quisemos esclarecer com os responsáveis da Alpine foi quem produz o volante. “Nós fabricamos o volante dos nossos F1, que são consideravelmente mais sofisticados e caros, mas para este do WEC optámos por adquiri-lo à Cosworth Electronics, que fornece quase todos os Hypercars da grelha, o que reduz em muito o seu custo”, responderam-nos.
Perante a impossibilidade de conseguirmos que o nosso interlocutor nos avançasse o valor aproximado do volante utilizado nos F1 da Alpine, lá fomos tentando tirar nabos da púcara em relação ao preço do volante que tínhamos à nossa frente e que estará montado no A424 a partir de Julho. Porém, com sucesso parcial, pois continuamos a desconhecer o preço do volante da Alpine, embora tenhamos ficado pelo menos a saber que a média dos volantes da Cosworth Electronics ronda os 200.000€.
Se ficou assustado com o valor do volante, saiba que um carro de LMDh pode atingir 2,5 milhões de euros (valor avançado pela Porsche para o 963), sendo depois necessários mais 10 milhões para realizar uma época de sete provas e com um único carro. Como há construtores que se fazem representar com dois, três e quatro protótipos no WEC, existindo mesmo alguns que disputam simultaneamente o campeonato IMSA, é só fazer as contas.