A Liga de Futebol vai reforçar os mecanismos de escrutínio de idoneidade de todos os membros e trabalhadores da instituição. A medida será anunciada durante a tarde desta sexta-feira, adiantou o presidente da Liga, Pedro Proença, em comunicado. “Devemos, todos, tirar ilações do sucedido. É uma obrigação que, sem receios, assumo.”

Pedro Proença falou esta sexta-feira, pela primeira vez, sobre as buscas feitas pelo SEF na academia Bsports, em Riba de Ave, concelho de Vila Nova de Famalicão, e em casa de Mário Costa, fundador daquela academia e ex-presidente da Assembleia da Liga de Futebol. “Os últimos dias foram, admito, dos mais difíceis que vivi nos oito anos como Presidente da Liga Portugal”, disse.

As promessas, as suspeitas e um dirigente da Liga: o alegado esquema que traficou 47 jovens jogadores de futebol

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Caso Mário Costa, agora arguido por suspeitas de tráfico de pessoas na academia desportiva Bsports, não decidisse renunciar ao cargo de presidente da Assembleia da Liga de Futebol, os restantes membros da direção estariam prontos para abandonar as suas funções. “Estávamos, eu e os presidentes do Conselho Jurisdicional e do Conselho Fiscal, preparados e alinhados para renunciarmos aos cargos para os quais fomos empossados há pouco mais de uma semana”, anunciou esta sexta-feira de manhã Pedro Proença, presidente da Liga de Futebol.

Em relação às suspeitas sobre Mário Costa, o presidente da Liga defende que “não está, nem nunca esteve, em causa o princípio de presunção de inocência”, mas admite também que a rápida decisão de Mário Costa de abandonar o cargo “era uma variável essencial” e “atenua os danos reputacionais provocados à instituição”.

Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol instaura processo a Mário Costa

Esta segunda-feira, cerca de 50 inspetores do SEF fizeram buscas nas instalações da Bsports Academy e em casa de Mário Costa. Foram identificados 47 jovens vítimas de tráfico de pessoas — 36 são menores. As autoridades suspeitam que está em causa um esquema que prometia a jovens da América Latina, África e Ásia uma carreira de sonho no mundo do futebol europeu. Para chegarem às instalações da Bsports, as famílias teriam de pagar uma mensalidade que poderia chegar aos 600 euros. Já em Portugal, dentro da academia, muitos jovens terão começado a perceber que os seus documentos de identificação — o passaporte — lhes eram retirados.