O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, encontrou-se (mesmo) com o Presidente Xi Jinping em Beijing. O encontro decorreu esta manhã de segunda-feira a partir das 16h30, hora local (9h30 em Lisboa). Segundo a informação citada pelas agências noticiosas internacionais, a partir da emissora pública CGTN, o Presidente chinês terá dito ao secretário de Estado dos EUA que esta visita pode ajudar a “estabilizar as relações” entre as duas potências, embora Blinken afirme que a visita não vai resolver, de imediato, todos os problemas e divergências.

Blinken está em visita oficial na China mas não se sabia, até ao momento, se o secretário de Estado dos EUA iria encontrar-se com o Presidente chinês. O responsável já esteve com o seu homólogo chinês, Wang Yi, numa visita que tinha sido adiada devido à crise diplomática associada aos alegados balões meteorológicos que sobrevoaram partes dos EUA.

No fim de semana, Antony Blinken esteve mais de sete horas e meia com o ministro dos Negócios Estrangeiros da China. E o mais alto responsável do Partido Comunista Chinês (PCC) para a diplomacia disse ao Secretário de Estado norte-americano que China e EUA têm de escolher entre “cooperação ou conflito”, segundo os ‘media’ estatais.

É necessário fazer uma escolha entre o diálogo e a confrontação, a cooperação e o conflito”, frisou, de acordo com a televisão estatal chinesa CCTV.

Wang Yi afirmou, também, que o país não fará “nenhum compromisso” em relação a Taiwan, ilha que Pequim reclama como seu território e que tem causado uma crescente tensão entre os dois países.

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“Manter a unidade nacional está sempre no centro dos interesses fundamentais da China” e, “nesta questão, a China não fará compromissos ou concessões”, disse a Antony Blinken, atualmente de visita a Pequim, a primeira de um Secretário de Estado dos EUA desde 2018.

Wang pediu ao chefe da diplomacia norte-americana para os Estados Unidos respeitarem a soberania e a integridade territorial da China e para que se oponham à independência de Taiwan.

Além de Taiwan, outros assuntos têm contribuído para a tensão das relações entre as duas maiores economias do mundo. Estas incluem a rivalidade no domínio da tecnologia, as sanções norte-americanas contra os gigantes digitais chineses, o comércio, o tratamento da minoria muçulmana uigur no país asiático e as reivindicações de Pequim em relação ao mar do Sul da China.

Do lado americano, após dois dias de conversações na capital chinesa, o secretário de Estado, Antony Blinken confirmou aos jornalistas que a China renovou a promessa de não fornecer armas à Rússia para usar na guerra contra a Ucrânia.

“Nós e outros países recebemos garantias da China de que não fornece e não fornecerá assistência letal à Rússia para ser utilizada na Ucrânia”, afirmou Blinken.

Blinken disse que os Estados Unidos não têm qualquer prova que contradiga o compromisso da China em não fornecer armas à Rússia. “O que continua a preocupar-nos, no entanto, é a possibilidade de as empresas chinesas estarem a fornecer tecnologia à Rússia, que esta poderia utilizar para prosseguir a sua agressão na Ucrânia” afirmou.

“Pedimos ao Governo chinês para estar muito atento a esta questão”, disse o chefe da diplomacia dos Estados Unidos. Blinken disse ainda que as promessas de Pequim foram cumpridas “nas últimas semanas” e não apenas durante a sua visita.

Nos últimos meses, Washington manifestou publicamente a preocupação com a possibilidade de a China fornecer armas à Rússia para a ajudar na guerra na Ucrânia.

Afirmando-se neutra no conflito, a China tem defendido o respeito pela soberania dos Estados, incluindo a Ucrânia, mas nunca condenou publicamente a invasão ordenada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, em 24 de fevereiro de 2022.

Quanto à independência de Taiwan, Antony Blinken não aceitou o pedido de Wang Yi e reiterou que os EUA não apoiam a independência de Taiwan, mas garantiu que manterão o compromisso de defender esse território de qualquer ameaça por parte da China.

Continuamos a opor-nos a qualquer mudança unilateral do status quo por qualquer uma das partes. E continuamos a desejar a resolução pacífica das nossas diferenças”, afirmou o secretário de Estado norte-americano.

Contudo, Blinken acrescentou que os Estados Unidos continuam comprometidos com as suas responsabilidades ao abrigo da Lei de Relações com Taiwan, entre as quais destacou o dever de garantir que a ilha “tenha a capacidade de se defender”.

No domingo, a diplomacia chinesa tinha deixado o recado de que a questão de Taiwan constitui “a maior ameaça” ao bom relacionamento entre as duas potências.

A questão de Taiwan é a questão fundamental dos interesses superiores da China, a questão mais importante nas relações entre a China e os EUA e o maior perigo”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Qin Gang, ao seu homólogo norte-americano, durante uma reunião.

O chefe da diplomacia chinesa também admitiu que as relações entre os dois países “estão no seu ponto mais baixo desde o estabelecimento das relações diplomáticas, reconhecendo que a situação não responde aos “interesses fundamentais dos dois povos”.

Nos seus encontros bilaterais, Blinken abordou ainda outros pontos de discórdia entre os dois países, para além da questão de Taiwan, incluindo o relacionamento com a Coreia do Norte, as reivindicações territoriais chinesas no Mar da China Meridional, a estratégica dos ‘chips’ eletrónicos ou a comercialização do fentanil, um poderoso analgésico opioide.

“Também discutimos a violação de direitos humanos em Xinjiang e no Tibete, as divergências a nível comercial e a detenção ilegal de cidadãos norte-americanos”, acrescentou Blinken.

No final da reunião desta segunda-feira com Xi Jinping, o chefe da diplomacia norte-americana reconheceu a relevância da discussão de todos estes temas, mas admitiu que nem todos os problemas ficarão solucionados com a sua visita a Pequim.

“Esta visita não vai resolver, de imediato, todos os problemas ou divergências que existem entre nós. Mas ambos concordamos que é fundamental gerir bem o nosso relacionamento”, disse o secretário de Estado norte-americano.